Este texto é da responsabilidade do professor Carlos Simão. Foi dito por ele no dia da entrega dos diplomas aos alunos dos cursos profissionais e chegou ao CRESCER com o pedido de divulgação. Aqui segue.
Parabéns, gente!
ESTA PARECE SER A
MINHA ÚLTIMA PALESTRA PARA VOCÊS, PELO MENOS NESTE CONTEXTO DE PROFESSOR E
ALUNOS. NUNCA SE SABERÁ O FUTURO.
Esta é a minha
homenagem a vocês, A TODOS os que fizeram comigo este percurso nestes últimos três
anos.
Que ninguém fique
triste perante uma despedida. Uma despedida é sempre necessária para nos
voltarmos a encontrar. E um reencontro, depois de um momento, ou depois de toda
uma vida, é algo inevitável, se o sentimento de consideração for verdadeiro.
Cada vez que nos
despedimos de alguém, faz-se noite no nosso coração e sempre que um reencontro
acontece, de novo se faz dia. O Sol volta a brilhar como se essa pessoa fosse
imprescindível para que houvesse diferença entre o dia e a noite. É na agonia
de uma despedida, quando forçosamente esse momento acontece, é nesse instante
que percebemos a profundidade dos nossos sentimentos, o valor de uma amizade. É
COMO ME SINTO E NOS SENTIMOS HOJE.
Muitos jovens já
passaram pela minha vida nestes 26 anos como professor e 31 anos como treinador
de voleibol. Uns cruzaram-se comigo e nunca mais soube deles, ou porque a vida
de cada um não nos permitiu, ou porque simplesmente pouco se manifestou em
comum para que de novo nos cruzássemos.
Outros há que, se o
destino existe e partindo do princípio que cada um de nós tem o seu traçado,
quis o dito que cruzassem a minha vida e na minha vida ficassem.
Esses são aqueles que
muito mais que meros seres humanos com quem tive o privilégio de trabalhar,
partilhar momentos, sentimentos, sorrisos, brincadeiras, vitórias, derrotas,
alegrias e lágrimas... são aqueles que entraram na minha vida e aí
permanecem... são esses que não nos esquecem e eu não mais esquecerei.
Não me despeço de
vocês, porque, na realidade, ainda que na ausência física, vocês estarão, sempre,
comigo.
As recordações construíram
um caminho que me permite, ainda hoje, sentir muitas dessas emoções vividas nas
aulas no pavilhão, no exterior, nas aulas de dança e em todas as invenções que
criávamos: nas autoavaliações, nas palestras, nas caminhadas na serra, nas
atividades ao ar livre… Enfim, lembro-me de quase tudo (apesar de que a idade
não perdoe).
Sei que barafustei,
berrei, zanguei-me, impus castigos (alguns) e vocês, com certeza, lembram-se
bem deles. Sei que não tinha esse direito, mas os adultos são assim!
Permanecerá a
lembrança dos vossos rostos sempre sorridentes e felizes, que compreendiam tudo
silenciosamente, que acalmavam a minha injusta conduta de "adulto"
para convosco.
Acima de tudo vejo a
amizade, o carinho, a enorme ternura e consideração que sempre senti por vocês.
Por todos vocês!
Não esquecerei nenhum.
Cada um a seu jeito, deixou a sua marca, marcou um território. Podem estar
certos disso. Não esquecerei o rosto pessoal, o jeito e os maus feitios. De
cada um.
Estou plenamente
convicto que nesta hora do “SEJAM FELIZES”, apetece-me pedir-vos DESCULPA.
O meu pedido de
desculpa prima por ser autêntico, verdadeiro, sincero e, sei que todos vocês,
sem esquecer um, me perdoará, com um abraço sem mágoa, sensíveis como sois, não
só nas tristezas, como nas alegrias da vida.
Foram traquinas,
irrequietos, indisciplinados, fizeram-me e fizeram-nos por vezes a vida negra
nas aulas e na escola, mas isso só vos dá um valor incalculável, porque
mudaram, alteraram comportamentos, refletiram e acima de tudo entenderam a
mensagem que era pretendida ser passada.
Para mim, como
professor, felicito-vos pela compreensão, resignação e alegria com que
aceitaram as minhas censuras aos vossos atos, por vezes menos corretos, que
assumi para convosco para melhorar a situação, embora, por vezes, a dureza das
palavras exigisse outra solução mais entendedora e calma.
Têm de compreender
que não é fácil. Cada um de nós não tem apenas uma só turma, nem tão pouco
vinte e poucos alunos. São muitos mais e, por vezes, as atitudes e
comportamentos mais irrefletidos que temos, têm essa mesma justificação,
simplesmente pela grande variedade de comportamentos e atitudes de todos esses
alunos.
Cada gesto, cada
palavra, cada som, cada atitude vossa, serão preservados como um tesouro
imenso, uma riqueza incalculável, que ficará sempre comigo e me irá servir para
usar com outros alunos que virão depois de vocês.
Neste momento, e para
terminar, falta-me dizer duas coisas.
A 1ª prende-se com
estes meus colegas aqui presentes, das diferentes áreas, que me receberam neste
ambiente do ensino profissional, de uma forma espetacular, e que juntos tudo
fizemos para vos dignificar como alunos e futuros profissionais;
A 2ª, homenagear à
vossa frente todos os professores das áreas técnicas, que desenvolveram com
vocês um trabalho magnífico de formação, e que sempre vos defenderam com unhas
e dentes. Gostava de ter tido no meu percurso escolar, alguém que me tivesse
defendido e ajudado como eles o fizeram.
POR ISSO, NESTA HORA
FINAL, SÓ ME OCORRE DIZER:
OBRIGADO, ATÉ SEMPRE
E FAÇAM O FAVOR DE SER FELIZES!
Carlos Simão
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