A escola educa. E educar é saber. O saber não ocupa lugar e estar informado é estar atento.
A rubrica "de mãos dadas com a saúde", tem por objetivo partilhar informação sobre cancro, numa parceria com o blogue "He and She" da escola e com a Liga Portuguesa Contra o Cancro.
FATORES DE RISCO
Muitas vezes, os médicos não conseguem
explicar porque é que uma pessoa desenvolve cancro e outra não. No entanto, a
investigação demonstra que determinados factores de risco aumentam a
probabilidade de uma pessoa vir a desenvolver cancro. Globalmente, os factores
de risco mais comuns, para o cancro, são apresentados em seguida:
·
Envelhecimento.
·
Tabaco.
·
Luz solar.
·
Radiação ionizante.
·
Determinados químicos e outras
substâncias.
·
Alguns vírus e bactérias.
·
Determinadas hormonas.
·
Álcool.
·
Dieta pobre, falta de actividade física
ou excesso de peso.
Muitos destes factores de risco podem ser evitados. Outros, como por exemplo a
história familiar, não podem; como tal, é importante referir sempre ao médico
quaisquer dados clínicos familiares relevantes que existam na família.
Relativamente aos factores de risco conhecidos, que não sejam
"familiares" (como a exposição excessiva à luz solar, o tabaco, o
álcool, a dieta rica em gorduras, a falta de exercício físico, etc.) deve,
sempre que possível, evitá-los.´Se pensa que pode apresentar risco aumentado
para ter cancro, deverá discutir essa preocupação com o médico; poderá saber
como reduzir o risco e qual será o calendário ideal para fazer exames
regulares. Com o passar do tempo, vários factores podem agir conjuntamente,
para fazer com que células normais se tornem cancerígenas. Quando se avalia o
risco de ter cancro, devem sempre ser considerados esses factores:
·
Nem tudo causa cancro.
·
O cancro não é causado por uma ferida,
um inchaço ou uma equimose.
·
O cancro não é contagioso: ninguém
?apanha? cancro de outra pessoa.
·
Estar infectado com um vírus ou bactéria
poder aumentar o risco para alguns tipos de cancro.
·
Se tiver um ou mais factores de risco,
não quer dizer que venha a ter cancro; a maior parte das pessoas que têm
factores de risco nunca irá desenvolver cancro.
·
Algumas pessoas são mais sensíveis que
outras, aos factores de risco conhecidos.
Em seguida, será apresentada informação mais detalhada sobre os factores de
risco mais comuns para cancro.
Envelhecimento
O factor de risco mais importante para
ter cancro é o envelhecimento. A maioria dos cancros ocorre em pessoas com mais
de 65 anos. No entanto, o cancro pode surgir em pessoas de todas as idades,
incluindo crianças.
Tabaco
O uso do tabaco é a causa de morte que
mais se pode prevenir. Em Portugal, todos os anos morrem cerca de 3100 pessoas
com cancro do pulmão. Usar produtos de tabaco ou estar regularmente em contacto
com o fumo (fumador ambiental, passivo ou secundário), aumenta o risco de
cancro. É mais provável que os fumadores desenvolvam cancro dos pulmões,
laringe, boca, esófago, bexiga, rins, garganta, estômago, pâncreas ou colo do útero,
do que os não fumadores. Também é mais provável que desenvolvam leucemia
mielóide aguda (tumor que tem início nas células do sangue). As pessoas que
usam tabaco sem fumo, como o tabaco para cheirar ou para mastigar, têm risco
aumentado para cancro da boca. Deixar de fumar é importante para qualquer
pessoa que use tabaco, mesmo para pessoas que fumaram durante muitos anos; o
risco de ter cancro em pessoas que deixam de fumar é menor do que o risco das
pessoas que continuam a fumar; no entanto, o risco de ter cancro é, geralmente,
mais baixo nas pessoas que nunca fumaram. Para pessoas que já tiveram cancro,
deixar de fumar pode reduzir a probabilidade de terem outro cancro. Se quiser
deixar de fumar, consulte o seu médico; já existem diversos medicamentos ou
terapêuticas de substituição da nicotina, como um adesivo, uma pastilha
elástica, um rebuçado, um spray nasal ou um inalador.
Luz Solar
A radiação ultravioleta (UV) provém do
sol, de lâmpadas solares e de câmaras de bronzeamento; provoca envelhecimento
precoce da pele e alterações que podem originar cancro de pele. Os médicos
encorajam as pessoas de todas as idades a limitar o tempo de exposição ao sol,
bem como a evitar outras fontes de radiação UV:
·
Sempre que possível, evite o sol do
meio-dia (meio da manhã até ao fim da tarde).
·
Deve proteger-se da radiação UV
reflectida pela areia, água, neve e gelo: as radiações UV
"atravessam" as roupas leves, os vidros do carro e as janelas. Use
mangas compridas, calças, chapéu de aba larga e óculos de sol com lentes que
absorvam os raios UV.
·
Use sempre protector solar, pois pode
ajudar a prevenir o cancro de pele, especialmente se o protector solar tiver um
factor de protecção solar (SPF) igual ou superior a 15; ainda assim, o sol do
"meio-dia" deve ser evitado e deve usar roupas que protejam
eficazmente a pele.
·
Não utilize lâmpadas solares nem câmaras
de bronzeamento (solários); ao contrário do que se possa pensar, estas fontes
de radiação não são mais seguras que a luz directa do sol.
·
Proteja-se do sol.
Radiação Ionizante
A radiação ionizante pode causar danos
na pele que levam à formação de tumores. Este tipo de radiação provém de raios
que entram na nossa atmosfera (terrestre), vindos do espaço exterior, poeiras
radioactivas, gás radão, raios-X, entre outras fontes. As poeiras radioactivas
podem provir de acidentes de fábricas de energia nuclear ou da produção, teste
ou uso de armas radioactivas. As pessoas expostas às poeiras radioactivas,
apresentam um risco aumentado de ter cancro, especialmente leucemia e cancros
da tiróide, mama, pulmão e estômago.
O radão é um gás radioactivo que não se
vê, não se cheira e não tem sabor. Forma-se no solo e nas rochas. As pessoas
que trabalham em minas podem estar expostas ao gás radão. Em algumas zonas do
país, encontra-se radão. As pessoas expostas ao radão apresentam um risco
aumentado para terem cancro do pulmão.
Alguns procedimentos médicos são uma
fonte de radiação:
·
Os médicos usam a radiação (raios-X de
baixa dose) para fazer imagens do interior do nosso corpo (radiografias). Estas
imagens ajudam a diagnosticar, por exemplo, ossos partidos, entre outros
problemas.
·
Os médicos usam, também, a radioterapia
para tratar o cancro (radiação de dose elevada, emitida por grandes máquinas ou
por substâncias radioactivas). O risco de cancro, a partir de raios-X de baixa
dose, é extremamente pequeno. O risco da radioterapia é ligeiramente maior.
Para ambos, o benefício é quase sempre superior ao pequeno risco.
·
Se pensa que está em risco de cancro,
devido a radiações, deve falar com o médico.
·
Fale com o médico ou dentista acerca da
necessidade de fazer um raio-X; deverá, também, pedir que seja utilizada
protecção nas partes do corpo que não necessitem de aparecer, em detalhe, na
imagem.
·
As pessoas com cancro devem falar com o
médico, relativamente à possibilidade do tratamento com radiação (radioterapia)
poder aumentar o risco de, mais tarde, ter um segundo cancro.
Determinação Químicos e Outras Substâncias
Pessoas com determinados empregos
(pintores, trabalhadores da construção civil e da indústria química),
apresentam um risco aumentado para desenvolver um tumor. Muitos estudos demonstraram
que a exposição ao amianto, benzeno, cádmio, níquel ou cloreto de vinilo, no
local de trabalho, podem causar cancro. Siga sempre as instruções e conselhos
de segurança, para evitar ou reduzir o contacto com substâncias perigosas,
tanto no emprego como em casa. Apesar de o risco ser maior para trabalhadores
com anos de exposição, também em casa deverá ter cuidado, quando manipula
pesticidas, óleo de motor usado, tinta, solventes e outros químicos.
Alguns Vírus e Bactérias
Estar infectado com determinados vírus e
bactérias pode aumentar o risco de desenvolver alguns tumores:
· Vírus do Papiloma humano (HPV): a infecção por HPV é a principal causa de cancro
do colo do útero; pode, ainda, ser um factor de risco para outro tipo de
tumores.
· Vírus da hepatite B e C: o cancro do fígado pode desenvolver-se, muitos
anos depois da infecção com hepatite B ou hepatite C.
· Vírus dos linfomas T humanos (HTLV-1): a infecção por HTLV -1 aumenta o risco de
desenvolver linfoma e leucemia.
· Vírus da imunodeficiência humana (HIV): o HIV é o vírus que provoca a SIDA (síndrome da
imunodeficiência adquirida). As pessoas que estão infectadas com o HIV , têm
maior risco de desenvolver cancro: linfoma e um tipo de tumor raro, chamado
Sarcoma de Kaposi .
· Vírus de Epstein-Barr (EBV): a infecção com EBV tem sido associada a um risco
aumentado de linfoma.
· Vírus do Herpes Humano 8 (HHV8): este vírus é factor de risco para o Sarcoma de
Kaposi .
· Helicobacter pylori: esta bactéria pode causar úlceras no estômago;
pode, ainda, causar cancro do estômago e linfoma, no revestimento do estômago.
Não tenha relações sexuais sem
protecção; não partilhe agulhas ou quaisquer objectos cortantes ou que possam
estar contaminados com sangue. Se não for prudente, pode "apanhar"
uma infecção por HPV ou por HIV , pode apanhar hepatite B ou hepatite C.
Poderá considerar fazer a vacina que
previne a hepatite B. Os profissionais de saúde e todas as pessoas que estejam
em contacto com sangue de outras pessoas, devem pedir ao médico para fazer esta
vacina. Se pensa que pode estar em risco para infecção por HIV ou hepatite,
peça ao médico para fazer o teste; estas infecções podem não causar sintomas,
mas as análises ao sangue detectam se o vírus está presente. Se assim for, o
médico poderá tratar a infecção. O médico pode, também, explicar como evitar
infectar outras pessoas.
Se tem problemas de estômago regulares,
vá ao médico; a infecção por H. Pylori pode ser detectada e tratada.
Determinadas Hormonas
Os médicos podem recomendar tratamento
com hormonas (apenas estrogénio ou estrogénio com progesterona), para ajudar a
controlar alguns problemas que podem surgir durante a menopausa, como
afrontamentos, secura vaginal e enfraquecimento dos ossos. No entanto, alguns
estudos demonstram que a terapêutica hormonal, na menopausa, pode causar
efeitos secundários graves: pode aumentar o risco de cancro da mama, de enfarte
do miocárdio, de acidente vascular cerebral ou formação de trombos (pequenos
coágulos de sangue que podem entupir veias ou artérias). Uma mulher que esteja
a pensar fazer terapêutica hormonal, na menopausa, deve discutir os possíveis
riscos e benefícios com o médico.
Álcool
Beber mais de duas bebidas alcoólicas
por dia, durante muitos anos, pode aumentar a probabilidade de desenvolver
cancro da boca, da garganta, do esófago, da laringe, do fígado e da mama. O
risco aumenta com a quantidade de álcool que uma pessoa bebe. Na maioria destes
cancros, o risco é mais elevado se a pessoa também fumar. As pessoas que bebem,
devem fazê-lo com moderação: significa não beber mais do que uma bebida
alcoólica por dia, nas mulheres e não mais que duas bebidas alcoólicas por dia,
nos homens.
Dieta Pobre, Falta de Actividade Física ou Excesso de Peso
As pessoas que têm uma dieta pobre, que
não praticam actividade física suficiente, ou que têm excesso de peso, podem
ter um risco aumentado para vários tipos de cancro. Por exemplo, alguns estudos
sugerem que as pessoas cuja dieta é rica em gorduras, têm um risco aumentado
para cancro do cólon, do útero e da próstata. Por outro lado, a falta de
actividade física e o excesso de peso, são factores de risco para cancro da
mama, do cólon, do esófago, dos rins e do útero.
Faça uma dieta rica em frutas e
vegetais.
Fazer uma dieta saudável, ser
fisicamente activo e manter um peso adequado, pode ajudar a reduzir o risco de
desenvolver cancro. Para tal, o médico sugere:
· Coma bem:
uma dieta saudável inclui muitos alimentos ricos em fibra, vitaminas e
minerais: inclui pão e cereais integrais e 5 a 9 doses de fruta e vegetais,
todos os dias. Uma dieta saudável significa, também, limitar os alimentos ricos
em gordura, como manteiga, leite gordo, fritos e carne vermelha (vaca, porco).
· Seja activo e mantenha um peso adequado: a actividade física pode ajudar a controlar o
peso e a reduzir a gordura corporal. A maioria dos investigadores concorda que
um adulto deve fazer actividade física moderada, tal como andar energicamente,
durante pelo menos 30 minutos, em 5 ou mais dias da semana.
Fonte: Liga Portuguesa Contra o Cancro