Fico a ver-vos voar
Num tempo em que tudo parece insano e que alguns apelidam de tempo em que os professores fazem dos alunos seus reféns na luta que travam contra as medidas do MEC, a nossa escola teve hoje as últimas aulas de 12º ano. E são sempre aulas especiais!
Num tempo em que tudo parece insano e que alguns apelidam de tempo em que os professores fazem dos alunos seus reféns na luta que travam contra as medidas do MEC, a nossa escola teve hoje as últimas aulas de 12º ano. E são sempre aulas especiais!
Alunos e professores não estão em lados diferentes da barricada e o que os une é muito mais do que aquilo que os separa. Em cada sala de 12º ano houve festa e lágrimas.
Festa porque estes alunos chegaram ao fim de um longo percurso feito pelo ensino básico e secundário. E celebrou-se a chegada à meta e confraternizou-se e cantou-se e adocicou-se o paladar, como deve fazer-se em momentos destes.
Lágrimas porque há já saudades do passado próximo. E também porque, se por um lado o futuro é o que ambicionamos, por outro lado, a casa que nos confortou durante anos deixa de ser o porto de abrigo.
Isto de ser livre traz muita responsabilidade!
Este ano não se realizou a tradicional festa de finalistas. Questões de diferentes ordens desvirtuaram o momento que oficializa o fim deste percurso escolar. As turmas organizaram-se de diferentes maneiras. Mas o que foi comum a todas as diferentes comemorações foi o espírito de partilha e de união entre todos. Abraços e beijos à mistura com lágrimas e palavras en-tre-cor-ta-das são o mais belo exemplo de como se constrói o futuro.
A todos quero deixar uma palavra de ternura e de reconhecimento: aos alunos, aos professores, aos pais. E também quero desejar capacidade de resiliência para um tempo incerto mas que será tão mais certo quanto mais todos, acertada e concertadamente, possamos fazer por ele.
Manuela Couto
7 comentários:
Eu só vou fazer despedidas depois de afixadas as pautas dos exames... até lá ainda são os "meus" meninos e meninas dos últimos três anos... :-)
Belíssimo texto! Subscrevo todas as palavras mas não seria capaz de escrevê-las :)
Obrigado Manuela!
Obrigada, professora! Foi um prazer trabalhar consigo.
Verbalizar sentimentos é sempre complicado. Ver partir os nossos alunos, espécie de braços de eternidade que esperamos nos prolonguem na tal memória coletiva, estrutura essencial de uma sociedade de dias inteiros e limpos, dá-nos a sensação paradoxal de perda e ganho, limite e limiar, silêncio e melodia. É um privilégio, sempre, poder dar e receber tanto, só por andar lado a lado com o amanhã…
Maria Amélia Lopes
Se tanto me dói que as coisas passem
É porque cada instante em mim foi vivo
Na busca de um bem definitivo
Em que as coisas de Amor se eternizassem
Sophia de Mello Breyner Andresen
Depois de ler o texto da Manuela Couto e a reflexão da Amélia Lopes...palavras para quê?...
Penso que falo em nome da turma, por isso:
Quero dizer que todo o 12ºA teve a sorte e o privilégio de a ter a si, prof. Manuela Couto, como companheira de este nosso final de percurso, e agradecemos todo o apoio que nos deu.
Acima de tudo devemos agradecer o bem que nos fazem e a professora ajudou-nos a crescer e isso é importante para todos nós que estamos a terminar um ciclo da nossa vida e a começar um outro ciclo desconhecido ainda.
Mais uma vez OBRIGADA
És bonita quando falas e quando escreves!
Obrigada e beijinho
Ana César
Enviar um comentário