(continuação)
Dr. Manuel Carneiro Ferreira Diretor do Agrupamento de Escolas de Águas Santas |
CRESCER: Em final de ano letivo, fazem-se balanços. É
habitual falar-se em sucessos e insucessos. Acabaram de sair os resultados dos
exames e das provas finais. O que lhe apraz dizer sobre o assunto?
Sr.
Diretor: O
sucesso escolar tem sido muito positivo. No presente ano letivo, o 4º ano teve
excelentes resultados nas provas de aferição a português e matemática, estando
20% acima da média nacional. Os resultados dos primeiros exames nacionais
aplicados ao 6º ano foram muito bons. Relativamente ao 9º ano, os resultados
revelam médias positivas quer a português quer a matemática, disciplina na qual
temos vindo a melhorar. No secundário, ainda é prematuro falar em percentagens
porque se aguardam as estatísticas que estão a ser elaboradas. No entanto, e apesar
de nalgumas disciplinas (Física e Química A e Biologia e Geologia) os
resultados terem sido pouco animadores (seguindo a tendência nacional), noutras
como por exempo Matemática A e Português, os resultados ultrapassaram a média
nacional.
Considero
importante que a análise e reflexão sobre os resultados dos alunos e sobre os
fatores de insucesso tenham implicações claras na readequação de práticas e
estratégias de ensino-aprendizagem, sempre tendo em vista a melhoria dos
resultados escolares dos nossos alunos. Neste
âmbito, pretendemos dar continuidade efetiva ao projeto do PROMED (Projeto para
a Melhoria de Desempenho dos Alunos) do GAVE ao qual já aderimos.
CRESCER: Esse é o
sucesso escolar. Já o ouvimos dizer que pesa 50%. Os outros 50% vão para o sucesso
educativo. E desse sucesso, quer falar-nos?
Sr. Diretor: É incontestável que o papel da Escola não se confina à sala
de aula! Embora a importância da educação não formal seja reconhecidamente
imensa, não pode ser expressa em estatísticas. No nosso agrupamento, as
atividades extra-curriculares são muitas e diversificadas, o Plano Anual de
Atividades é reconhecidamente rico já à partida, mas o plano
inicialmente traçado nunca corresponde ao que realmente se faz ao longo do ano,
pois há sempre novas atividades a serem sugeridas e cumpridas. A escola vive
permanentemente em “festa”: as exposições, as visitas de individualidades, as
palestras, os espetáculos, os dias temáticos, as campanhas… tudo isto contribui
para a dinâmica coletiva que nos carateriza. Isto sente-se! Sempre foi o cartão
de identidade da escola e não perdemos essa essência ao agruparmo-nos. Os
professores mais novos que aqui chegam trazem também vontade de trabalhar
festivamente. É isto que cria a nossa identidade, nos distingue e fideliza as
pessoas à escola. Em muito também contribuirá para a enorme procura que tem por
parte de muitos encarregados de educação que aqui querem colocar os seus filhos,
tornando impossível garantir vagas para todos os que manisfestam esse
interesse.
Penso
que o reflexo de tudo isto no sucesso educativo dos nossos alunos é
inquestionável!
A propósito, lembro-me que há pouco
tempo li uma frase de Albert Einstein sobre o papel da Escola que achei deveras
curiosa e que gostaria de partilhar com os leitores: “A vantagem
competitiva de uma sociedade não virá da eficiência com que a escola ensina a
multiplicação e as tabelas periódicas, mas do modo como estimula a imaginação e
a criatividade.” Dá para pensar!
CRESCER: A nossa escola foi uma das primeiras a ser
intervencionada pela empresa Parque Escolar. Como vê essa requalificação? Acredita que o
investimento é um investimento no sucesso das aprendizagens?
Sr. Diretor: A intervenção do
Parque Escolar foi muito oportuna, não obstante as saudades que a escola do
“passado” deixou no coração de muitos. Porém, esta intervenção permitiu criar
condições para acolher o 2º ciclo, melhorar as condições de trabalho de professores,
alunos e funcionários, envolver a comunidade através da participação dos
encarregados de educação em atividades desenvolvidas pela escola (como é o caso
do Projeto da Dança), dinamizar atividades de índole social e recreativa, criar
parcerias com as Associações Culturais e Recreativas do meio. Este ano, não foi
ainda possível concretizar uma atividade conjunta envolvendo a escola e as
Associações referidas, mas isso acontecerá a curto prazo.
Acrescentaria, ainda, que a nossa
requalificação permitiu trazer para a comunidade de Águas Santas os 5º e 6º
ano, criando uma maior estabilidade às famílias que passaram a ter os seus
filhos a estudar na zona onde vivem. Proporcionou também maior empregabilidade aos
docentes do 2º ciclo.
CRESCER: A vida numa escola não para. Ainda um ano
letivo não está encerrado e já outro se prepara. Qual a sua maior preocupação
na organização do próximo ano letivo?
Sr.
Diretor: A
maior preocupação na organização do próximo ano letivo é a de ter tudo
devidamente preparado dentro do prazo estipulado. As escolas que possuem o
ensino secundário têm sempre mais dificuldade devido ao trabalho acrescido que
os exames acarretam. As alterações a nível dos currículos e da distribuição de
serviço têm criado entraves até na gestão dos recursos humanos. O trabalho dos
docentes tem aumentado consideravelmente, mas tudo temos conseguido superar com
a colaboração e esforço de todos. Uma escola não se faz só com o Diretor, todos
são chamados a intervir. A escola tem tido a capacidade de motivar os seus
colaboradores e estes têm respondido ativamente, o que faz com que a imagem da
escola seja muito positiva e se traduz na fidelização do corpo docente. O mesmo
acontece com o quadro do pessoal não docente que trabalha com motivação, gosto
e orgulho.
CRESCER: Por último, quer o senhor diretor deixar ao CRESCER e aos seus leitores uma
mensagem que considere pertinente?
Sr. Diretor: Quero deixar uma
mensagem de esperança no futuro. Faço votos para que todos sejam bem-sucedidos
e se regozijem por pertencerem a esta comunidade escolar que tanto me
envaidece.
Agradecemos
a disponibilidade revelada pelo nosso diretor. Esperamos que esta conversa
possa aproximar alunos, professores e funcionários e os conduza a interagir
ainda mais e melhor numa escola que se pretende plural, num espaço para todos,
na freguesia de Águas Santas.
Nota: Esta entrevista, aqui apresentada em quatro publicações, foi feita em julho de 2012 com o objetivo de ser publicada em primeira mão no anuário do CRESCER, tal como aconteceu.
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