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terça-feira, 28 de outubro de 2025

Faz-te Ouvir

No âmbito da nova rubrica Faz-te Ouvir, o Crescer publica hoje o texto do aluno Pedro Manuel de Oliveira Luis, da turma E do 10º ano. 




A morte dá sentido à vida

A vida é como uma flor: sensível, breve e frágil. Algo tão complexo, tão desconhecido…
A vida traz tantas incertezas. O que vem depois dela? Será que existe algo após a vida?
Não sabemos absolutamente nada — ou melhor, sabemos uma coisa: a morte é, de facto, a única certeza da vida.
Mas será que é a morte que dá sentido à vida?
A meu ver, sim.
É graças à morte que tudo o que fazemos, repetimos ou deixamos de fazer ganha emoção. É por causa do medo de que algo seja a última vez, de pensar que tudo pode acabar a qualquer momento, ou de envelhecer e não poder refazer — ou fazer — algo novo. É graças à morte que existe o arrependimento, pois acreditamos que, depois dela, não há como voltar atrás. Enquanto há vida, podemos refazer nossas ações, mudar os nossos sentimentos em relação a algo ou a alguém, e dar a nós mesmos uma segunda chance — como se a nossa vida pudesse ter uma versão alternativa.
Muitas vezes, por causa de uma escolha do passado, todo o nosso futuro pode ficar condenado a seguir uma certa direção. Quando estamos perto da morte, podemos pensar que tudo poderia ter sido diferente se tivéssemos tido outras atitudes — e então nos lembramos do arrependimento.
São aspetos inevitáveis: errar é natural, e nem todos os erros têm solução. Às vezes nunca houve conserto; às vezes era mesmo para acontecer — e isso assusta.
Não sabemos o que virá, nem quando iremos, enfim, abraçar friamente a morte iminente. Por isso, viver e aproveitar o presente é o que realmente importa.
Não sabemos quando a caneta ficará sem tinta para escrever o futuro!
A única certeza que se tem enquanto há vida, é a morte, mas para morrer algo, é preciso que esteja vivo antes. 
É preciso viver agora!
Amanhã pode ser tarde, e podemos nos arrepender de não ter aproveitado aquilo que une tudo o que respira: fungos, animais, plantas, bactérias e humanos.
A vida é um milagre — algo tão impossivelmente improvável de acontecer, mas que aconteceu. Não somos uma pedra, nem um tijolo. Somos vivos!
Se existem mais grãos de areia na Terra do que humanos, não é por acaso. Nada acontece sem um propósito. Se não fosse assim, talvez existissem dragões e unicórnios mágicos. Tudo foi feito para acontecer — consequência de infinitos fatores e acontecimentos.
As chances de eu estar aqui, agora, a escrever isto, são mais próximas do zero absoluto do que propriamente do um.
É aqui que a filosofia entra. Este texto é meu!
Nenhum outro ser vivo que existiu, existe ou existirá escreveu — ou escreverá — exatamente o que escrevi, da mesma forma, com as mesmas palavras. Este texto é único, e pode ser interpretado de maneiras diferentes, conforme o ponto de vista de quem o lê, pois depende do saber, da opinião, da vivência e da visão de mundo de cada um.
A vida pode ser vista por infinitas perspectivas; esta é apenas a minha.
Mas a morte — ah, a morte — é igual para todos aqueles que possuem a dádiva de respirar.

Pedro Manuel da Silva Luis
Nº22, 10ºE

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