I
Quando eu morrer — e hei de morrer primeiro Do que tu — não deixes de fechar-me os olhos Meu Amor. Continua a espelhar-te nos meus olhos E ver-te-ás de corpo inteiro. Como quando sorrias no meu colo. E, ao veres que tenho toda a tua imagem Dentro de mim, se, então, tiveres coragem, Fecha-me os olhos com um beijo. (Eu, Marco Póli) Farei a nebulosa travessia E o rastro da minha barca Segui-los-á em pensamento. Abarca Nele o mar inteiro, o porto, a ria... E, se me vires chegar ao cais dos céus, Ver-me-ás, debruçado sobre as ondas, para dizer-te adeus, II Não um adeus distante Ou um adeus de quem não torna cá, Nem espera tornar. Um adeus de até já, Como a alguém que se espera a cada instante. Que eu voltarei. Eu sei que hei de voltar De novo para ti, no mesmo barco Sem remos e sem velas, pelo charco Azul do céu, cansado de lá estar. E viverei em ti como um eflúvio, uma recordação. E não quero que chores para fora, Amor, que tu bem sabes que quem chora Assim, mente. E, se quiseres partir e o coração To peça, diz-mo. A travessia é longa... Não atino Talvez na rota. Que nos importa, aos dois, ir sem destino. António Feijó |
Número total de visualizações de páginas
quarta-feira, 11 de janeiro de 2017
Álvaro Feijó : os dois sonetos de amor da hora triste
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
Sem comentários:
Enviar um comentário