OUVIR
António Zambujo, Lambreta
LER
Poema da autoestrada
Voando vai para a praia
Leonor na estrada preta
Vai na brasa de lambreta.
Leva calções de pirata,
Vermelho de alizarina
modelando a coxa fina
de impaciente nervura.
Como guache lustroso,
amarelo de indantreno
blusinha de terileno
desfraldada na cintura.
Fuge, fuge, Leonoreta.
Vai na brasa de lambreta.
Agarrada ao companheiro
na volúpia da escapada
pincha no banco traseiro
em cada volta da estrada.
Grita de medo fingido,
que o receio não é com ela,
mas por amor e cautela
Abraça-o pela cintura.
Vai ditosa, e bem segura.
Como rasgão na paisagem
corta a lambreta afiada,
engole as bermas da estrada
e a rumorosa folhagem.
Urrando, estremece a terra,
bramir de rinoceronte,
enfia pelo horizonte
como um punhal que enterra.
Tudo foge à sua volta,
o céu, as nuvens, as casas,
e com os bramidos que solta
lembra um demónio com asas.
Na confusão dos sentidos
já nem percebe, Leonor,
se o que lhe chega aos ouvidos
são ecos de amor perdidos
se os rugidos do motor.
Fuge, fuge, Leonoreta
Vai na brasa de lambreta.
António Gedeão
VER
Ladrões de bicicleta, Vittorio De Sica (1946)
Logo depois da Segunda Guerra Mundial, a Itália está destruída e o povo passa necessidades básicas. Ricci consegue um emprego de colador de cartazes na rua, mas ele deveria ter uma bicicleta. Junto de sua mulher Maria, ele consegue dinheiro para comprar uma. Mas no primeiro dia de trabalho, a bicicleta foi roubada.
Votos de um bom fim de semana!
1 comentário:
Muito boas sugestões!
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