“Pais só descobrem quando polícia bate à porta”: os jovens e a radicalização online. Lá por se encontrarem em casa não quer dizer que os jovens estejam em segurança, avisa o psicólogo forense Ricardo Baúto.
O professor de psicologia forense diz que o desfazamento entre gerações no recurso às tecnologias justifica o desconhecimento das atividades e vulnerabilidades acrescidas a que os jovens estão sujeitos online, sem supervisão.
Recusando-se a diabolizar as redes sociais, o especialista explica que elas podem criar um sentimento de impunidade nos seus utilizadores, que as experimentam como se de uma cápsula se tratasse, numa lógica de realidade paralela. “Muitas vezes, a sociedade não foi capaz de apoiar muitos destes jovens, que na ausência de orientação de figuras de referência se viraram para estes líderes online, para estas figuras de pseudo-autoridade, para esta lógica mais securizante”, continua o psicólogo forense. A ativista anti-radicalização nas redes, Michele Prado identifica a faixa entre os 13 e os 15 anos, quando a personalidade ainda está a formar-se, como a mais vulnerável a este tipo de fenómeno.
Os dois investigadores identificam alguns sinais de alerta: estes jovens passam muito tempo fechados no quarto, online, com pouca interação familiar ou social; possuem um grupo reduzido de amigos e adotam alguns comportamentos mais agressivos ou mesmo violentos, desumanizando determinados grupos de pessoas. Ricardo Baúto insiste na importância da prevenção por via da educação dos mais novos para as linhas vermelhas que não devem ser ultrapassadas. adaptado daqui
A União Europeia e a radicalização
A União Europeia (UE) e os seus Estados-Membros estão a trabalhar em conjunto para prevenir a radicalização na Europa. A radicalização não é um fenómeno novo, mas nos últimos anos tem-se tornado uma ameaça mais grave. A radicalização pode ocorrer por diversas razões, nomeadamente crenças religiosas, ideologias, convicções políticas e preconceitos contra grupos específicos de pessoas. A radicalização dos jovens continua a ser um importante motivo de preocupação.
Podem ser vários os meios de radicalização das pessoas: por familiares ou amigos, mediante o contacto direto com grupos extremistas ou através da Internet. A internet e as redes sociais amplificaram a propaganda terrorista e a propagação do extremismo. Os terroristas utilizam as redes sociais e a "dark web" (o lado negro da internet) para radicalizar, recrutar, incitar à violência e facilitar a execução de atentados terroristas.
Consulte o infográfico sobre o combate à difusão de conteúdos terroristas.