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quarta-feira, 6 de novembro de 2024

educação: Quase metade dos alunos do 10.º ano não sabe que trabalho quer ter no futuro

Daniel Rocha

Psicólogos e diretores escolares explicam a indecisão pela falta de autoconhecimento e de incentivos para os estudantes seguirem as vocações. 

Os dados de um inquérito feito a estudantes do ensino secundário em 2022/2023 (conduzido pela Direcção-Geral de Estatísticas da Educação e Ciência (DGEEC), que envolveu 51% dos 113.271 estudantes matriculados em escolas públicas e privadas do continente) revelam que quase metade dos alunos não faz ideia em que gostaria de trabalhar aos 30 anos.  

Na balança do curso a seguir pesa mais o mercado de trabalho do que a vocação de cada umNo inquérito feito aos alunosapenas 23% disse ter escolhido o curso por ser aquilo que quer mesmo seguir. 

Com um leque de opções cada vez mais extenso, psicólogos e diretores acreditam que falta uma pitada de incentivo para os estudantes descobrirem o mundo que os rodeia. A indecisão sobre o futuro profissional centra-se na incerteza da empregabilidade e das condições remuneratórias.

Para a psicóloga clínica e professora catedrática Margarida Gaspar de Matos, esta ausência de expectativas não significa necessariamente falta de sonhos. “É falta de conhecimento. Os miúdos, por definição, sonham, mas não sabem como se organiza a sociedade civil ou o país. É muito importante mandá-los para a rua para que não fiquem apenas entre as paredes de casa e da escola”.

Raquel Raimundo, psicóloga escolar e presidente da delegação do Sul da Ordem dos Psicólogos Portugueses, sugere que, apesar de comum nesta faixa etária, a indefinição não precisa de ser encarada como um problema. “Na adolescência, a principal tarefa é responder à questão ‘quem sou eu?’. A psicóloga reforça também a importância de os pais incentivarem os filhos, mostrando-lhes “coisas em que são bons” para os ajudar a conhecer as suas potencialidades.

Este estudo, além de dar um retrato das aspirações dos alunos do ensino secundário em Portugal, evidencia a necessidade de proporcionar experiências que os preparem para o mundo fora da escola, incentivando-os a participar e a interessar-se pela sociedade em que estão inseridos, e promovendo uma educação que vá além do simples acesso ao ensino superior.

Fonte: SicNotícias e Executive Digest

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