foto de Nuno Garrido |
A medida
foi discutida esta segunda-feira no Conselho Coordenador do Ensino Superior e
deverá ter uma versão definitiva quanto à forma de implementação até ao final
de Abril. O que o Governo propõe, com base nas sugestões de um grupo de
trabalho nomeado pelo ministro, é que seja cada uma das universidades e
politécnicos a decidir os critérios para acolher os alunos provenientes do
ensino profissional numa licenciatura.
Concursos
locais
Para isso
será usada a modalidade do concurso local, que já é corrente no ensino superior
por exemplo no acesso às licenciaturas das áreas artísticas – nesse caso as
instituições podem definir pré-requisitos ou provas de aptidão para aceitar um
estudante. No caso dos alunos do profissional, esta medida vai ser testada
“como um projecto-piloto”, em todas as instituições, “no próximo ano lectivo”,
avança ao PÚBLICO o ministro da Ciência e Ensino Superior, Manuel Heitor.
Até agora,
estes estudantes tinham que passar, tal como os colegas dos cursos de carácter
geral, por exames nacionais que versavam sobre matérias que, em muitas
situações, não tinham abordado nas aulas. Este era um entrave no acesso para o
qual pais e professores há muito vinham pedindo
uma solução. Desde
o início da legislatura que esta era uma matéria relativamente à qual o Governo prometia
mexidas, mas que nunca se concretizaram até agora.
A solução
que está a ser pensada pelo Ministério da Ciência, Tecnologia e Ensino
Superior (MCTES) “comporta vários riscos”, adverte o presidente do
Conselho Coordenador dos Institutos Superiores Politécnicos (CCISP),
Pedro Dominguinhos, pelo que a sua implementação “precisa de ser falada
com as instituições”. “Parece-me arriscado fazer isto em três meses”,
sublinha o mesmo responsável.
Entre as
preocupações do CCISP estão o possível esvaziamento dos cursos técnicos
superiores profissionais para onde tem ido a maior
parte dos alunos do ensino profissional que prossegue estudos e a necessidade
de se assegurar um tratamento semelhante para universidades e politécnicos.
Além
disso, Dominguinhos receia que os alunos do profissional
tenham dificuldades na transição para uma licenciatura “que é muitas vezes
pensada na óptica dos conhecimentos dos estudantes que vêm dos cursos
científico-humanísticos. Por isso, o CCISP defende que, juntamente
com o novo modelo de acesso que deverá ser testado no próximo ano, também
deveria ser introduzido, na mesma lógica de experiência-piloto, um “ano zero”
para receber e preparar os alunos do ensino profissional para uma licenciatura. @ PÚBLICO
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