
Assim sendo, não é de estranhar
que quando John Goodenough, inventou uma bateria elétrica, de menor peso e
maior capacidade de carga elétrica, pouca importância se lhe tenha atribuído.
Contudo, a democratização das
comunicações móveis, a generalização dos computadores portáteis, as alterações
climáticas e as preocupações ecológicas, obrigaram os fabricantes a retomar o
processo de armazenamento de energia elétrica inventado por Goodenough, a
bateria de iões de lítio.
Esta tecnologia tem sofrido
melhoramentos consideráveis embora ainda não sejam suficientes para uma
aceitação sem reserva. A duração da carga dos telemóveis parece-nos sempre
insuficiente e sabemos que, em alguns casos, raros é certo, mas dramáticos, a
bateria de iões de lítio explode.
Entretanto tem vindo a ser tentada
a utilização deste tipo de baterias em veículos, mas é aqui que se têm revelado mais
acentuadamente as suas limitações e que têm sido um entrave à generalização da aceitação
dos veículos elétricos. Pese embora o enorme avanço que se tem verificado nos
últimos anos, estas baterias ainda são dispendiosas, com longos tempos de
carga, e de relativa pequena autonomia.
Esperaríamos um novo golpe de
génio para alterar o estado atual da arte.
Em janeiro deste ano, este golpe surgiu sob a forma de um
artigo científico com o título “Alternative strategy for a safe rechargeable
battery” na revista “Energy & Environmental Science “. Antes de mais devemos manter alguma prudência para com esta
descoberta pelo facto de ela, por enquanto, se manter no meio académico e
existir um salto, que é necessário efetuar, entre os laboratórios das
universidades e a indústria.
No entanto, esta nova bateria tem-se revelado muito
promissora. Os autores da descoberta estimam que esta permita três vezes mais
energia armazenada para o mesmo volume das atuais, tempos de carga muito
menores, mais seguras, maior longevidade e de muito menores custos. Enfim, tudo
o que esperávamos para a sua utilização em veículos elétricos.
Para nós, portugueses, esta descoberta traz um acréscimo de
alegria. O artigo científico foi escrito por uma equipa de que é parte
importante a professora Maria Helena Braga da Faculdade de Engenharia da
Universidade do Porto e que está atualmente a trabalhar como investigadora
sénior na Escola de Engenharia Cockrell da Universidade do Texas, conjuntamente
com N. Grundish, A. Murchison e por John Goodenough agora com a bonita idade de
94 anos.
Sérgio Viana
2 comentários:
Não sabia. Gostei de ler este artigo.
Obrigada ao Sérgio por nos ir mantendo a par das inovações tecnológicas.
O encontro "A Ciência por quem a faz e por quem a ensina" que acontece todos os anos na nossa escola em setembro, já convidou a cientista Maria Helena Braga para cá vir falar sobre a sua descoberta, na próxima edição. Esperemos que ela possa aceitar.
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