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segunda-feira, 17 de fevereiro de 2020

saúde: lavar muitas vezes as mãos e beijar menos

      A Diretora-Geral de Saúde foi a convidada da entrevista TSF/DN. Graça Freitas garante que existe "um arsenal terapêutico muito grande" para lidar com o COVID-19. Mas a contenção está "literalmente nas mãos". Aqui fica um excerto dessa entrevista.


    
     Dados da OMS dizem que existem por ano entre três a cinco milhões de casos graves de gripe e que há até 650 000 mortes por doenças respiratórias relacionadas. Nesta ordem de grandeza, como é que devem ser encarados estes casos cíclicos de vírus, como o COVID-19? Ou devemos pensá-lo de uma forma completamente diferente?
      A pergunta é muito pertinente. Uma coisa é aquilo a que nós estamos habituados: nós sabemos o que nos espera numa boa época de gripe, numa época de gripe moderada ou numa época de gripe em que o vírus é mais agressivo. E a humanidade habitua-se a lidar com o que conhece. O problema é quando emerge um novo vírus - neste caso é um vírus, mas pode ser outro agente microbiano - e essa emergência traz pela frente o desconhecido e nós não sabemos como é que esse vírus se vai propagar na natureza, como é que vai ser a sua dinâmica e como é que ele se vai transmitir entre os seres humanos e, portanto, aguarda-nos o desconhecido. É esse desconhecido que leva a que estas doenças emergentes provoquem estes movimentos de preocupação, de alerta, de atenção. Porque é exatamente isto: Qual vai ser o comportamento? Como é que se vai propagar? Quantas pessoas vai atingir? Quantas pessoas vai atingir ao mesmo tempo? Esta é a grande incógnita, aquilo a que nós chamamos em epidemiologia a taxa de ataque que é a quantidade de pessoas que está doente num determinado período. É totalmente diferente ter 10% da população atingida por uma doença, seja ela qual for - gripe, sarampo, qualquer uma -, ou ter 20% ou 30% da população atingida.
(...)      
       O que é que cada pessoa pode fazer para tentar travar?
    Em termos de medidas, costumamos dizer que há medidas que são do foro da medicina propriamente dita, dos medicamentos, das vacinas, do internamento, do ambulatório, dos cuidados de saúde. Essas são as medidas, umas preventivas, no caso da vacina, outras de tratamento, no caso dos medicamentos. Depois há aquilo a que nós chamamos as medidas de controlo de infeção, as medidas de saúde pública, aquelas por que todos nós somos responsáveis. Aqui a questão é retardar a sua propagação e evitar que num curto espaço de tempo existam muitas pessoas doentes. Retardar a propagação está nas mãos de todos nós. Literalmente nas mãos, porque se nós lavarmos as mãos frequentemente, não estamos a propagar vírus. Podemos propagar vírus - este em concreto - de várias formas: expeli-lo pela fala, pela tosse, pelo espirro. E é óbvio que levamos frequentemente as mãos à nossa cara e, portanto, ficamos com as mãos conspurcadas, pomo-las numa superfície e esses vírus são viáveis, as gotículas que contêm esses vírus são viáveis durante dias, horas, conforme a temperatura, a humidade, as características meteorológicas e conforme, também, as superfícies em que ficam. Portanto, outras mãos irão também para essas superfícies e depois irão para a boca e para o nariz de outras pessoas. Se tomarmos medidas tão simples como lavarmos frequentemente as mãos, não se impede totalmente a infeção, mas retarda-se a infeção, ou seja, diminui-se o número de pessoas infetadas num determinado momento, e a quantidade de vírus que passa de uma pessoa para a outra. Esta história da quantidade de vírus também é muito importante, pode fazer a diferença na gravidade da doença. Os vírus depois replicam-se e, quantos mais entrarem na primeira leva, como eu costumo dizer, mais se replicam. Portanto, lavar as mãos é importantíssimo. Parece que não é, mas é. Não espirrar para cima de ninguém quando se está doente, não tossir para cima de ninguém, o distanciamento social... Não é agora: agora continuamos a beijar-nos como sempre, mas nas alturas das epidemias convém socializarmos um bocadinho menos, termos alguma distância social, não nos beijarmos tanto, não nos abraçarmos tanto. @ TSF

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