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segunda-feira, 20 de junho de 2011

Na casa defronte de mim e dos meus sonhos

O poema que se segue foi o contemplado no grupo I da prova de Português de 12º ano.

Na casa defronte de mim e dos meus sonhos,
Que felicidade há sempre!

Moram ali pessoas que desconheço, que já vi mas não vi.
São felizes, porque não são eu.

As crianças, que brincam às sacadas altas,
Vivem entre vasos de flores,
Sem dúvida, eternamente.

As vozes, que sobem do interior do doméstico,
Cantam sempre, sem dúvida.
Sim, devem cantar.

Quando há festa cá fora, há festa lá dentro.
Assim tem que ser onde tudo se ajusta —
O homem à Natureza, porque a cidade é Natureza.

Que grande felicidade não ser eu!

Mas os outros não sentirão assim também?
Quais outros? Não há outros.
O que os outros sentem é uma casa com a janela fechada,
Ou, quando se abre,
É para as crianças brincarem na varanda de grades,
Entre os vasos de flores que nunca vi quais eram.

Os outros nunca sentem.
Quem sente somos nós,
Sim, todos nós,
Até eu, que neste momento já não estou sentindo nada.

Nada? Não sei...
Um nada que dói...

Álvaro de Campos, Poesia
Quarta questão do grupo I A:
. Relacione o conteúdo da última estrofe com as reflexões apresentadas nas duas estrofes anteriores.
Quem responde?

6 comentários:

Isabel Osório disse...

O poema é belíssimo. A pergunta 4 era tramada!

Elvira disse...

Acho que os meninos não vão lá chegar! Além de que o Campos intimista não é do programa de 12º ano, por muito "gémeo" que seja do Pessoa.

Octavian disse...

nada de gémeo, quando falas dos heterónimos não falas de pessoa são completamente diferentes, e campos faz parte sim do 12, logo que estudas pessoa estudas seus heterónimos também.

Octavian disse...

a

Elvira disse...

Octavian, o Campos é um dos autores estudados no programa de 12º, sim. E um dos heterónimos de Pessoa, claro. E que Campos é do programa. Mas a poesia da fase intimista, não. Isso te garanto.

Octavian disse...

acho que sim