Também podes ser participante
ativo numa grande transformação que já está a acontecer na sociedade global.
Necessitas sobretudo da tua
curiosidade, atenção, espírito crítico, observação metódica, alguma
criatividade e … olhar para baixo … até à dimensão de um milésimo de milímetro,
ou seja, até às dimensões das bactérias.
Foi este o tema da palestra do
Doutor Paulo Oliveira do Instituto de Investigação e Inovação em Saúde, I3S, com o título e subtítulo, “Os Microrganismos como
Mini-Fábricas” ou “Falta gasolina? As Bactérias podem ajudar”.
De entre outras ficamos a saber
que cerca de um ou dois quilogramas da massa do nosso corpo são bactérias. Elas
estão espalhadas por todos os órgãos com maior prevalência no intestino.
Noventa e cinco por cento delas aí estão.
A presença das bactérias neste
órgão tem funções relevantes no nosso sistema imunológico além de ajudar também
a absorver as vitaminas e a degradar os alimentos.
São em tão grande número que, em
todo o nosso corpo, temos dez vezes mais bactérias do que células humanas.
Já as utilizamos há muito tempo,
sem então o sabermos, no fabrico de queijo, vinagre, vinho cerveja, iogurtes,
pão. Mas, muito mais podem fazer por nós.
Mais recentemente são utilizadas
no fabrico de antibióticos, constituídos por bactérias que inibem o crescimento
de outras bactérias, na produção de insulina para controlo da diabetes, e na
produção de vacinas.
Algumas novas aplicações surgiram
recentemente. Na alimentação, como por exemplo na produção de spirulina e
nostoc, ambos considerados superalimentos, constituídos por cianobactérias que
já se encontram nas prateleiras dos supermercados.
Outras estão prestes a surgir
como por exemplo na produção de biocombustíveis como o bioetanol, o biodiesel e
o hidrogénio.
Ao contrário das reservas de
combustíveis fósseis que estão a diminuir, as necessidades energéticas da
sociedade estão a aumentar drasticamente. As cianobactérias transformam a
energia solar em energia química. O material formado pode ser utilizado como
combustível. Ao contrário dos fósseis, não alteram a concentração de compostos
de carbono da atmosfera e constituem um recurso renovável.
O desenvolvimento das sociedades
necessita de um recurso sustentável e a solução passa pela biotecnologia e pela
investigação científica. Só assim se consegue que um ser tão minúsculo, de
cerca de um micrómetro, nos abra novas perspetivas e áreas de trabalho num
futuro não muito distante.
Sérgio Viana