Uma das nossas leitoras enviou-nos este texto para partilharmos no CRESCER.
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Quando nascemos, encontrámo-nos cercados de ternura. Rapidamente fomos descobrindo pessoas e coisas que nos interessaram imenso e que tentámos discernir. As descobertas sucederam-se em catadupa, até nos habituarmos ao ambiente da casa e depois ao que víamos lá fora: árvores, ruas, outras casas, outras pessoas, carros passando, árvores, o sol e as sombras, os misteriosos sons vindos de toda a parte… Aprendemos a caminhar neste mundo maravilhoso com cuidado, porque os sustos também eram muitos, e apercebemo-nos de que viver era uma espécie de jogo em que tínhamos de tomar posição. Havia tanto a observar e a fazer, que todo o tempo era pouco para experimentar o que víamos e para nos experimentarmos a nós mesmos. Ao princípio, tudo era nosso: antes de dizermos «eu», começámos a dizer «meu» - a defender-nos. Depressa nos compenetrámos de que era dos outros também.
A partir daí, a educação. Se nos ensinam a viver com os outros e para eles também, tudo se suaviza: aprendemos a lei suprema da vida, que é amar, começando por agradecer; se não, o egoísmo cresce, gera a lei do mais forte, e torna-se muito difícil vencer o maior obstáculo da paz, da felicidade e até da produtividade: a soberba.
Há muitas perspectivas válidas para analisar a nossa famosa «crise». Mas uma delas é esta: sem gratidão pelo mundo riquíssimo e maravilhoso que recebemos ao entrar no mundo; sem reconhecermos o que milhares de gerações por nós fizeram; sem nos sentirmos na mais elementar obrigação de pagar como pudermos o que, sem merecer, recebemos desde a nascença; sem essa exigência básica de justiça para com Deus e para com todos os que nos servem de mil maneiras, que havemos de esperar senão a «exploração do homem pelo homem», a «competitividade», não a da competência e do serviço, mas da agressividade, das armadilhas e da fraude?
Não serão as leis e os regulamentos que nos salvarão, mas uma nova educação no espírito de gratidão e de responsabilidade pessoal, desde a infância. Não me sai da memória a resposta de um grande clínico a quem aconselharam descansar: - «Sabe? A sociedade investiu muito em mim!»
Pe. Hugo de Azevedo
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