Em Astronomia a medição das
distâncias entre a Terra e os astros é um problema tão fundamental quanto
difícil.
Bem diferente é o que se passa na
medição de distâncias entre nós. Para conhecermos a distância entre duas
posições basta-nos ligar os dois pontos com uma fita métrica. Para distâncias
maiores medimos o intervalo de tempo com que algo, como por exemplo a luz, deslocando-se
a velocidade conhecida, as percorre. É assim que um recetor GPS funciona. Após
alguns cálculos intensos devolve a distância com um rigor surpreendente.
Mas, para as estrelas tal não é
possível. Nunca ninguém se aproximou da estrela espalhando uma fita métrica
pelo caminho, nem tal seria possível. Como também não é possível conhecermos o
instante em que a luz é emitida pela estrela para o compararmos com o instante
em que a recebemos.
Então, que saltos e ressaltos
foram necessários para conhecermos com rigor a distância entre a Terra e, por
exemplo, a estrela do céu noturno mais próxima, a Próxima Centauri? Sabemos que
esta estrela está a “apenas” 4,3 anos-luz, isto é 40,67 biliões de quilómetros
(um bilião é um milhão de milhões).
Para responder a esta questão
lembremo-nos que quando olhamos para um objeto próximo, fechando sucessivamente
um e outro olho vêmo-lo de ângulos diferentes. A este facto damos o nome de
paralaxe. Esta alteração do ângulo com que o objeto é visto também depende da
distância entre cada um dos olhos.
No entanto, bem podemos olhar
para as estrelas com os olhos sucessivamente a piscar, ora um, ora o outro, que
não detetamos qualquer alteração na posição das estrelas. Nem na Lua,
incomensuravelmente mais próxima, a vemos a saltar de posição em posição.
Esta impossibilidade deve-se ao
facto de a distância entre os olhos ser muito, muito pequena face às distâncias
em causa.
Mas, se aumentarmos a distância
entre duas observações sucessivas, aumentamos também a paralaxe do objeto.
Ora, a distância máxima entre
duas observações sucessivas é de um diâmetro da órbita da Terra em torno do
Sol.
Assim abrimos os olhos para
observar e registar a posição, ou o ângulo, de uma estrela em janeiro para
observar e registar uma nova posição seis meses depois, em julho, depois da
Terra ter executado meia volta do seu movimento de translação.
Pela alteração na sua posição
calculamos, usando a trigonometria com os ângulos associados de um triângulo, a
distância a que a estrela está de nós.
A importância deste método é tão
grande que justificou o lançamento, pela Agência Espacial Europeia, ESA, a 10
de dezembro de 2013, de uma sonda, a Gaia, para, fora da turbulência da
atmosfera terrestre, medir com muito maior rigor a paralaxe das estrelas.
Mas, há sempre um “mas”, este
método não resulta para todos os astros. Os que estão fora da nossa galáxia, a
Via Láctea ou Estrada de Santiago, estão a distâncias tão grandes que o
diâmetro da órbita da Terra não tem qualquer significado, tal como o é a
distância entre os olhos quando se pretende conhecer a distância entre a Terra
e a Lua.
Haverá uma outra maneira de
conhecermos essas distâncias?
A resposta a esta pergunta ficará
para uma outra próxima missão espacial.
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