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sexta-feira, 4 de março de 2016

as escolhas de...

Às sextas-feiras, o CRESCER anda por aí a fazer perguntas para podermos ficar a conhecer melhor alguns rostos da escola.




Desta vez, quisemos saber quais as personalidades que o inspiram, o gosto pelo cinema e qual o significado que atribui à arte.


As escolhas de Paulo Rocha, docente de Desenho e Artes Visuais.
Há heróis/personalidades marcantes na sua vida?
Tenho uma extensa lista de heróis, o que torna dificílimo escolher um ou até definir um top 10.

A nível livresco, interesso-me tanto pela literatura como pela imagem. Gosto bastante de banda desenhada, tendo sido criados, nesta área, montes de heróis que me marcaram imenso. Na escrita, destaco também Fernando Pessoa e Alexandre O’ Neill, dois poetas que inquietaram a minha alma. Também com esta conotação, escolho o escritor H.P. Lovecraft, que escrevia contos de terror e os vendia a preços baixos, não tendo, portanto, muito lucro. Trouxe o estilo gótico à literatura, tendo encarnado que nem uma luva essa onda.
Cruzeiro Seixas
Dentro da minha área, admiro muito um artista português, entre muitos outros, o Cruzeiro Seixas. Apesar de não ser conhecidíssimo como outros artistas, marcou-me através das suas obras, tendo influenciado a minha própria arte. Este e outros artistas, como o Leonardo Da Vinci, marcaram-me tanto a nível intelectual como a nível artístico, ocupando uma papel importantíssimo na minha vida e trabalho. Sou fã dele desde os meus treze anos, tendo sido um escritor que me agitou realmente, tendo influenciado o meu processo artístico. Foi o interesse dos fãs dessa corrente que o puseram no mapa, tendo passado de um ilustre desconhecido a célebre conhecido.
A nível profissional, escolho o chefe da nossa escola, premiado há uma semana, sendo uma pessoa que respeito e aprecio. O lugar de diretor de uma escola exige muito altruísmo e dedicação. Exercer este cargo só mesmo por "amor à camisola", sendo uma das razões que me fazem admirar tanto o nosso professor Ferreira.

 Tem referências na área do cinema?

Na área do Cinema, escolho O Nome da Rosa, baseado num romance do recém falecido Umberto Eco, um escritor intelectual e bastante inteligente. Tendo a consciência de que se escrevesse um livro intelectual este não venderia, optou por escrever um magnífico romance histórico que captou a atenção do mundo. Este romance relata, então, uma história passada durante a Idade Média, na qual o riso era considerado, pela Igreja, pecado. Enquanto tratado histórico, leva-nos para um mistério policial que envolve um convento medieval. É realmente uma história muito bem fundamentada e bastante interessante, assemelhando-se a uma aula de História sobre a Idade Média (por sinal, uma das melhores aulas de História que já tive). Para além disto, esta obra literária tornou possível consagrar algo raro: pegar num bom livro e fazer um filme à sua medida. Umberto Eco conseguiu, realmente, tornar a academia e o conhecimento em algo interessante e apaixonante.  Vale realmente a pena ler o livro e ver o filme. 

Gosto, também, dos filmes do Hitchcock, um cineasta que adora pôr as pessoas nervosas e cheias de medo até ao fim. Lembro-me de uma vez ter visto o The Birds e a minha irmã, que é muito sensível, ter saído de lá cheia de medo de pássaros.

Qual é o significado que atribui à arte?
Eu já nasci artista. Na minha fotografia mais antiga, estou ainda de fralda e com uma caneta na mão, quando ainda não andava  – entre meses e um ano de idade –, já tinha pintado a minha casa toda  até onde eu chegava com a caneta. A partir daí nunca mais parei. O que me levou para o mundo da arte foi, em grande parte, a banda desenhada. Considero-a até melhor do que o cinema, uma vez que fica mais barato e é, de certo modo, mais imediato. Se quisermos criar a cena de um avião a explodir, desenhamos. Num filme, temos de pagar e utilizar equipamento.
Ser professor, para mim, é uma espécie de ginástica que não deixa morrer o pintor e artista que tenho dentro de mim. Ensino o que gosto de fazer aos outros e ajudo-os a tornar fácil o que lhes soa complicado. Quando era mais novo tinha energia para contagiar qualquer aluno, mesmo aqueles que entravam a dizer que o diabo é arte. Agora, já são mais de trinta e cinco anos de aulas e já não tenho tanta energia e paciência. Daí que o ensino obrigatório me incomode um bocado, pois muitos dos alunos só vêm às aulas para não ter falta, o que acaba por não permitir que os que querem realmente aprender consigam aproveitar plenamente a oportunidade e aprofundar o seu lado artístico.
 exemplo da técnica
daqui
A arte, hoje, é muito a expressão da subjetividade do artista, isto é, é bastante intelectual e concetual. Antes existiam correntes e grupos que as concretizavam; agora, um artista é simplesmente alguém e a sua obra é um conceito subjetivo criado pelo artista. Podemos ser artistas sem sabermos desenhar e até sermos os melhores artistas da atualidade. Temos o exemplo da Joana Vasconcelos. É só preciso a ideia porque o resto surge em função disso, feito pelo artista ou não. Ainda dou, porém, muito valor ao trabalho manual, ao virtuosismo de levar a técnica a um ponto que não é atingido por qualquer um. A arte é, realmente, a minha paixão e, como tal, estou sempre ativo. Faço exposições e os meus quadros são mágicos: pinto-os com tintas que têm fluor que, quando refletida uma luz especial, no escuro, permitem visualizar as obras. Foi neste âmbito que realizei, há alguns anos, uma exposição na nossa escola.  
Ana Pinto e Rita Almeida

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