quinta-feira, 13 de junho de 2024

50 anos ESÁS: "conta-me como foi..." (4)

No âmbito das comemorações dos 50 anos da ESÁS, o CRESCER continua a conversar com aqueles que por cá passaram, desde os fundadores até aos atuais alunos e professores.

professor Rui Barreto Costa
Desta vez a conversa foi com Rui Barreto Costa, professor de História atualmente aposentado, que fez percurso e carreira na ESÁS desde 1976/77.

O professor Rui Costa iniciou a sua carreira em 1968, em Matosinhos, mas foi obrigado a interrompê-la para ir combater para a Guiné em 1972. Até fevereiro de 1974 por lá ficou, cumprindo os dois anos de serviço militar obrigatório, regressando a Portugal nessa altura, na expectativa de que “uma revolução acontecesse”, segundo tinha ouvido dizer da boca de um coronel.

E assim foi. Em 1974/75 voltou à Escola Secundária de Matosinhos, onde conheceu aquela que é a sua companheira de vida, Maria José Costa, também ela professora da ESÁS até à aposentação. Em 1975/76 fez o estágio profissional e é em 1976/77 que chega a Pedrouços.

No entretanto, o professor Rui ainda passou por uma escola em Lisboa e por duas no Porto: a Escola Secundária de Aurélia de Sousa e a Escola Secundária de Soares dos Reis. A esposa efetivou, entretanto, na Secundária de Águas Santas, instalada na escola de Pedrouços.

Então, quando o professor Rui Costa chega a Pedrouços, em 1976/77, “não havia Conselho Diretivo. Na altura, decorria uma reunião geral, pois antes estavam no Conselho Diretivo dois colegas, a Rute de Matemática e um tal Bráulio de Português, mas não eram profissionalizados. Só uma colega de Economia, Helena Coutinho, o era.” Como era necessário que os professores dos Conselhos Diretivos fossem profissionalizados, os primeiros dois não poderiam fazer parte da equipa, razão pela qual o nome do professor Rui Costa foi um dos escolhidos, pois reunia as condições necessárias.

Assim, a colega de Economia, Helena Coutinho, que já lá estava e era efetiva, assumiu o cargo de presidente. O professor Rui Costa passou a ser o vice-presidente e uma outra colega de Trabalhos Oficinais também fazia parte da equipa.

“Aí começaram as minhas tricas com o Ministério da Educação, porque eu contestava algumas das medidas/dos diplomas por ele tomadas.” Por exemplo, lembra-se de não concordar com as regras para a contratação do pessoal auxiliar e de as ter contestado. Também se recorda de ter alguma animosidade com a inspetora do ensino da época por a considerar “conservadora”.

Esses tempos foram um pouco bizarros pois a Escola Secundária de Águas Santas estava instalada no mesmo espaço da Escola D. Paio Mendes da Maia – nome oficial da atual EBS de Pedrouços -, nuns pavilhões provisórios, num território que nem delimitado estava. “Não havia segurança nem dignidade naquelas instalações: havia poças de água por todo o lado, os lavradores passavam por aqueles terrenos à-vontade” e um dia, por contestação, o professor Rui endereçou “um convite irónico à imprensa do Porto para ir assistir à inauguração das piscinas municipais de Águas Santas”. Os alunos mais velhos alinharam na brincadeira, vestiram-se de veraneantes a preceito, e o JN apareceu para fazer reportagem. Isso deu bronca”, não vedaram o terreno - só o fizeram muito mais tarde -, e entretanto “construíram uns pavilhõezitos”.

O tempo foi passando e o professor Rui Costa cansou-se do cargo. Em férias foi-lhe pedido que justificasse, em papel selado, o motivo de não querer dar continuidade ao lugar. Assim fez, quando voltou de férias, em duas folhas “cheiinhas” de razões e a renúncia foi aceite. Logo de seguida, a professora Manuela Marques, de Físico-Química, foi nomeada para o cargo.

Entretanto, “soubemos que o Senhor Secretário de Estado da altura queria criar uma Escola Secundária de Águas Santas na atual morada, Rua Nova do Corim, e esses tempos foram difíceis." Não era uma Escola Secundária de Águas Santas 2, como alguns pensavam, era deslocar a Escola Secundária de Águas Santas do espaço de Pedrouços para a Rua Nova do Corim.

Nessa fase, a Comissão de Pais, a Inspeção, o diretor da DREN e a Comissão Especializada da Educação da Assembleia da República apoiaram a proposta de haver mudança de instalações da ESÁS para o Corim, com uma Comissão Instaladora.

“Houve eleições, pois o número de alunos aumentou e não podia constituir-se um Conselho Diretivo apenas com três pessoas.” Nomearam o professor Rui e ele assumiu de novo a Direção da já designada ESÁS, na companhia do professor Ferreira. Apesar das “tricas” anteriores com o ME, diz, "sempre o trataram com a maior deferência e respeito".

No fim do ano letivo, havia quase uma duplicação de pessoas, tanto no corpo docente como no não-docente. “O Sr. Pilar, chefe dos Serviços Administrativos, veio para cá [Corim]. Alguns funcionários acompanharam a mudança, outros foram dispensados. Muitos professores vieram também, outros mudaram os seus caminhos conforme as conveniências das distâncias.” Andaram claramente com a casa às costas, mudando de instalações.

Em 1982/83, o professor Rui Costa era, então, o Presidente do Conselho Diretivo da ESÁS, na Rua Nova do Corim. O professor Ferreira era o vice-presidente. Da equipa também fez parte a professora Isabel Bacelar, de Geografia, e ainda a professora de Filosofia, Maria Helena de Menezes.

Hoje, apreciando o tempo passado, o professor Rui Costa acha que “foi bom” e recorda com saudade a convivência com professores e alunos. Aposentado desde 2002, o professor adora esta nova fase da sua vida. Continua ligado ao Clube UNESCO da cidade do Porto e a atividades dinamizadas por esta organização, da qual faz parte desde o tempo em que ainda estava profissionalmente ativo.

O CRESCER agradece ao professor Rui Barreto Costa a sua disponibilidade e deseja-lhe muita saúde e boa disposição para o tempo presente e para o tempo futuro, já que o passado - bem o pudemos constatar in loco -, foi excelente. 

                                                                                                                              texto de Manuela Couto, docente de Português 
colaboração de Cândido Pereira, diretor do centro de formação maiatrofa
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1 comentário:

  1. Muito obrigada, Rui, pelo tempo que nos concedeu.
    Espero que tenha gostado de ler a nossa conversa e tenha gostado da manhã que o fez voltar à sua ESÁS.
    Saiba que para nós, mais provectos, será sempre uma referência da escola.

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