No âmbito das comemorações dos 50 anos da ESÁS, o CRESCER continua a conversar com aqueles que por cá passaram, desde os fundadores até aos atuais alunos e professores.
professor Rui Barreto Costa |
O professor Rui Costa
iniciou a sua carreira em 1968, em Matosinhos, mas foi obrigado a interrompê-la
para ir combater para a Guiné em 1972. Até fevereiro de 1974 por lá ficou, cumprindo
os dois anos de serviço militar obrigatório, regressando a Portugal nessa
altura, na expectativa de que “uma revolução acontecesse”, segundo
tinha ouvido dizer da boca de um coronel.
E assim foi. Em 1974/75 voltou
à Escola Secundária de Matosinhos, onde conheceu aquela que é a sua companheira
de vida, Maria José Costa, também ela professora da ESÁS até à aposentação. Em
1975/76 fez o estágio profissional e é em 1976/77 que chega a Pedrouços.
No entretanto, o professor
Rui ainda passou por uma escola em Lisboa e por duas no Porto: a Escola
Secundária de Aurélia de Sousa e a Escola Secundária de Soares dos Reis. A
esposa efetivou, entretanto, na Secundária de Águas Santas, instalada na escola
de Pedrouços.
Então, quando o professor Rui Costa
chega a Pedrouços, em 1976/77, “não havia Conselho Diretivo. Na
altura, decorria uma reunião geral, pois antes estavam no Conselho Diretivo dois
colegas, a Rute de Matemática e um tal Bráulio de Português, mas não eram
profissionalizados. Só uma colega de Economia, Helena Coutinho, o era.”
Como era necessário que os professores dos Conselhos Diretivos fossem
profissionalizados, os primeiros dois não poderiam fazer parte da equipa, razão
pela qual o nome do professor Rui Costa foi um dos escolhidos, pois reunia as
condições necessárias.
Assim, a colega de Economia,
Helena Coutinho, que já lá estava e era efetiva, assumiu o cargo de presidente.
O professor Rui Costa passou a ser o vice-presidente e uma outra colega de Trabalhos
Oficinais também fazia parte da equipa.
“Aí começaram as
minhas tricas com o Ministério da Educação, porque eu contestava algumas das
medidas/dos diplomas por ele tomadas.” Por exemplo, lembra-se
de não concordar com as regras para a contratação do pessoal auxiliar e de as
ter contestado. Também se recorda de ter alguma animosidade com a inspetora do
ensino da época por a considerar “conservadora”.
Esses tempos foram um pouco
bizarros pois a Escola Secundária de Águas Santas estava instalada no mesmo
espaço da Escola D. Paio Mendes da Maia – nome
oficial da atual EBS de Pedrouços -, nuns pavilhões provisórios, num
território que nem delimitado estava. “Não havia segurança nem dignidade
naquelas instalações: havia poças de água por todo o lado, os lavradores
passavam por aqueles terrenos à-vontade” e um dia, por contestação, o professor
Rui endereçou “um convite irónico à imprensa do Porto para ir assistir à
inauguração das piscinas municipais de Águas Santas”. Os alunos mais
velhos alinharam na brincadeira, vestiram-se de veraneantes a preceito, e o JN apareceu para
fazer reportagem. “Isso deu bronca”, não vedaram o terreno - só o
fizeram muito mais tarde -, e entretanto “construíram uns
pavilhõezitos”.
O tempo foi passando e o professor Rui Costa cansou-se do cargo. Em férias foi-lhe pedido que justificasse, em papel selado, o motivo de não querer dar continuidade ao lugar. Assim fez, quando voltou de férias, em duas folhas “cheiinhas” de razões e a renúncia foi aceite. Logo de seguida, a professora Manuela Marques, de Físico-Química, foi nomeada para o cargo.
Entretanto, “soubemos que o Senhor Secretário de Estado da altura queria criar uma Escola Secundária de Águas Santas na atual morada, Rua Nova do Corim, e esses tempos foram difíceis." Não era uma Escola Secundária de Águas Santas 2, como alguns pensavam, era deslocar a Escola Secundária de Águas Santas do espaço de Pedrouços para a Rua Nova do Corim.
Nessa fase, a Comissão de Pais, a Inspeção, o diretor da
DREN e a Comissão Especializada da Educação da Assembleia da República apoiaram
a proposta de haver mudança de instalações da ESÁS para o Corim, com uma Comissão
Instaladora.
“Houve eleições, pois
o número de alunos aumentou e não podia constituir-se um Conselho Diretivo
apenas com três pessoas.” Nomearam o professor Rui e
ele assumiu de novo a Direção da já designada ESÁS, na companhia do professor Ferreira. Apesar
das “tricas” anteriores com o ME, diz, "sempre o trataram com a maior deferência e
respeito".
No fim do ano letivo, havia
quase uma duplicação de pessoas, tanto no corpo docente como no não-docente. “O
Sr. Pilar, chefe dos Serviços Administrativos, veio para cá [Corim]. Alguns
funcionários acompanharam a mudança, outros foram dispensados. Muitos
professores vieram também, outros mudaram os seus caminhos conforme as
conveniências das distâncias.” Andaram claramente com a casa às costas, mudando de instalações.
Em 1982/83,
o professor Rui Costa era, então, o Presidente do Conselho Diretivo da ESÁS, na Rua
Nova do Corim. O professor Ferreira era o vice-presidente. Da equipa também fez
parte a professora Isabel Bacelar, de Geografia, e ainda a professora de Filosofia,
Maria Helena de Menezes.
Hoje, apreciando o tempo passado, o professor Rui Costa acha que “foi bom” e recorda com saudade a convivência com professores e alunos. Aposentado desde 2002, o professor adora esta nova fase da sua vida. Continua ligado ao Clube UNESCO da cidade do Porto e a atividades dinamizadas por esta organização, da qual faz parte desde o tempo em que ainda estava profissionalmente ativo.
O CRESCER agradece ao
professor Rui Barreto Costa a sua disponibilidade e deseja-lhe muita saúde e boa
disposição para o tempo presente e para o tempo futuro, já que o passado - bem o
pudemos constatar in loco -, foi excelente.
Joaquim Sampaio 50 anos ESÁS: "conta-me como foi..." (1)
Aurora Sereno 50 anos ESÁS: "conta-me como foi..." (2)
José Manuel Cunha 50 anos ESÁS: "conta-me como foi..." (3)
Muito obrigada, Rui, pelo tempo que nos concedeu.
ResponderEliminarEspero que tenha gostado de ler a nossa conversa e tenha gostado da manhã que o fez voltar à sua ESÁS.
Saiba que para nós, mais provectos, será sempre uma referência da escola.