Conselho de Segurança discutiu a situação no enclave palestiniano após um pedido raro do secretário-geral. Resolução teve 13 votos a favor, a abstenção do Reino Unido e o voto contra dos EUA.
De nada serviu o apelo feito pelo
secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, que recorreu ao artigo
99.º da Carta da ONU para obrigar o Conselho de Segurança e discutir o tema. O
português descreveu uma "situação sem precedentes" na Faixa de Gaza,
dizendo que esta levou à sua "decisão sem precedentes de invocar o artigo
99.º", instando aquele órgão "a pressionar para evitar uma catástrofe
humana e apelando à declaração de um cessar-fogo humanitário". E insistiu: "Os
olhos do mundo, e os olhos da história, estão a ver. É hora de agir."
Guterres reiterou a sua condenação "ao ataque terrorista
brutal" do Hamas a 7 de outubro, reforçando que "não há justificação
possível para a morte deliberada de cerca de 1200 pessoas, incluindo 33
crianças" ou a tomada de centenas de reféns. Contudo, defendeu, "a
brutalidade perpetrada pelo Hamas nunca pode justificar a punição coletiva do
povo palestiniano".
O secretário-geral falou dos mais de 17 mil palestinianos que já
morreram nos ataques israelitas, entre eles sete mil crianças, além da
destruição de 60% das casas no enclave e no facto de 85% da população ter sido
obrigada a fugir. "Embora o lançamento indiscriminado
de rockets por parte do Hamas contra Israel e do
uso de civis como escudos humanos irem contra as leis da guerra, tal conduta
não absolve Israel das suas próprias violações".
Guterres alegou que a situação está a
tornar-se "insustentável", porque que "as condições para a
entrega efetiva de ajuda humanitária já não existem". E lembrou que a
fronteira de Rafah, entre a Faixa de Gaza e o Egito, não foi desenhada para
deixar passar centenas de camiões. Mesmo que essa ajuda pudesse entrar,
indicou, as restrições aos movimentos e os bombardeamentos constantes, além da
escassez de combustível, tornam impossível chegar a quem precisa.
O português defendeu que "não existe proteção efetiva dos civis" no enclave palestiniano, está a acabar a comida e o sistema de saúde está a "colapsar" apesar de as necessidades estarem a aumentar. "A população de Gaza está a ser instruída a mover-se como flippers humanos, fazendo ricochete entre zonas cada vez mais pequenas no sul, sem qualquer dos elementos básicos para a sobrevivência. Mas nenhum local em Gaza é seguro", insistiu o secretário-geral. Fonte: DN
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