Os alunos estão a chumbar menos, mas o insucesso escolar ainda atinge mais os estudantes mais carenciados e as "escolas de contextos mais desfavorecidos", revela um relatório da Direção-Geral de Estatísticas da Educação e Ciência (DGEEC).
O relatório "Resultados Escolares:
Sucesso e Equidade", hoje divulgado, mostra que houve menos retenções e
abandono escolar em todos os níveis de ensino entre 2017/18 e 2021/22.
Ao longo desses quatro
anos letivos, aumentaram sempre os alunos que terminaram o ciclo de ensino no
tempo esperado, sendo o 2.º ciclo o que apresenta maior percentagem de sucesso
em 2022 (96%).
Por oposição, os cursos
profissionais destacam-se por terem as taxas mais baixas de sucesso, com apenas
71% dos alunos a terminarem os estudos com sucesso em 2022.
Os dados dão ainda
destaque aos alunos dos cursos científico-humanísticos, que registaram o maior
salto: Em 2018, tinham terminado o curso sem chumbar nenhum ano apenas 60% dos
alunos, mas em 2022 a percentagem subiu para 80%.
O estudo ressalva, no
entanto, que esta evolução positiva nos últimos três anos, deve "ser
interpretada ponderando as alterações introduzidas no quadro excecional
decorrente da pandemia de covid-19".
Por causa do confinamento
e do ensino à distância durante a pandemia, os exames nacionais para conclusão
do ensino secundário foram suspensos e as escolas aliviaram a exigência sobre
os alunos, uma vez que muitos estiveram sem acesso às aulas 'online' por falta
de equipamentos ou internet.
A estes casos, somaram-se
todos aqueles alunos que em casa não tinham condições para trabalhar.
O estudo, hoje divulgado,
analisou também a evolução dos alunos abrangidos pelo programa de Ação Social
Escolar (ASE), que continuam a ter menos sucesso, mas que se vão aproximando da
média nacional com o avançar da escolaridade.
Nos cursos
científico-humanísticos, a diferença da taxa de sucesso entre a totalidade de
alunos e os estudantes carenciados é de quatro pontos percentuais (80% para a
totalidade dos alunos e 76% para os do ASE) e nos cursos profissionais é de
apenas um ponto percentual (71% vs 70% entre os alunos mais carenciados).
As raparigas continuam a
ter mais sucesso, segundo o relatório, que salienta que esta desigualdade tem
vindo a diminuir ao longo dos últimos anos em cada ciclo de ensino.
O estudo revelou ainda
que há mais insucesso nas escolas de ensino básico onde a maioria dos alunos
advém de um contexto mais desfavorecido, uma regra que não se aplica no
secundário, uma vez que há menos chumbos nas escolas com menos percentagem de
alunos carenciados.
No ensino básico, mais de
90% dos alunos de escolas com poucas crianças com ASE nunca chumbam, enquanto
nas escolas em que a maioria dos alunos tem ASE o sucesso desce para os 85% no
1.º ciclo e 86% no 3.º ciclo).
Por oposição, nos cursos
científico-humanísticos de "escolas de contextos mais
desfavorecidos", a taxa de sucesso é de 85%, enquanto numa escola onde há
no máximo 25% de alunos com ASE, a taxa de sucesso desce para 78%.
Nos cursos profissionais,
a diferença é entre 69% de sucesso numa "escola de contexto socioeconómico
favorecido" para 72% numa escola onde há muitos alunos carenciados.
Numa análise por regiões,
a evolução é positiva em todo o território, mas o norte volta a ser a região
com taxas mais altas de sucesso por oposição ao Alentejo e Algarve.
No 1.º ciclo, a
assimetria entre regiões "é evidente, com níveis de conclusão no tempo
esperado entre 97% e 96% a serem obtidos no Alto Minho e no Ave, Cávado e
Tâmega e Sousa em 2022, em contraste com os 84% observados no Baixo Alentejo e
os 87% no Algarve", refere o estudo.
O território do Alto
Minho, do Ave e do Cávado surgem sempre entre as regiões com valores mais
elevados, por oposição ao sul do país.
As regiões onde há maior equidade em 2022 são Ave e Alentejo Central, em contraste com os resultados negativos observados no Baixo Alentejo e na Grande Lisboa. Fonte: Sapo
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