quinta-feira, 25 de julho de 2024

cultura: abriu portas a Bienal que se celebra a si própria como espaço de liberdade

A Ministra da Cultura, Dalila Rodrigues, elogia a “mais antiga bienal da Península Ibérica” e sublinha “exemplo de persistência” durante a inauguração. Festa de artes plásticas vai durar até ao final do ano em Vila Nova de Cerveira.

A mesma liberdade do grupo de artistas que criou a Bienal de Arte de Vila Nova de Cerveira está a ser celebrada (e questionada) na 23.ª edição, inaugurada este sábado. O evento fundado em 1978 por Jaime Isidoro, Henrique Silva e José Rodrigues abriu portas com a pergunta “És livre?” como inspiração para 160 obras de 120 artistas vindos de 20 países. Até 30 de dezembro, aquela pergunta vai confrontar todos os visitantes: somos, ou não, livres de verdade?

"Espessura histórica, acontecimento"

“O tema escolhido pelas curadoras, o mote sui generis que nos interroga, é exemplo inequívoco de um percurso que acompanha a consolidação da democracia no nosso país e, assim, como poderia eu não estar aqui presente?”, disse a ministra da Cultura, Dalila Rodrigues, que inaugurou a Bienal 2024.

“Sob o tema ‘És livre?’, regressamos a uma noção de liberdade, que também aqui celebramos. A mesma liberdade sem a qual esta Bienal não existiria”, continuou a governante. 

Enaltecendo a “espessura histórica, densidade e longevidade” daquele “grande acontecimento artístico”, Dalila Rodrigues sublinhou que a Bienal “é a mais antiga da Península Ibérica e um exemplo de persistência, dedicação e trabalho continuo em prol da cultura e da arte”.

E recordou: “A história desta Bienal começa como um sonho, o de um grupo de artistas motivados pelos valores democráticos de Abril, que tiveram a ânsia de descentralizar e democratizar o acesso à arte e à cultura”.

Isabel Meyrelles, 93 anos

A festa das artes plásticas celebra 46 anos e tem este ano direção artística de Helena Mendes Pereira e Mafalda Santos. Contempla homenagens a José Rodrigues e Jaime Isidoro, do grupo de fundadores, e destaca, como sempre, um artista, elegendo Isabel Meyrelles, de 93 anos, que reside em Paris, e que foi fundadora, com Natália Correia, do famoso Botequim da Liberdade. 

“Não havia melhor artista, em comemoração dos cem anos do surrealismo, para, na resposta à pergunta ‘És livre?’, dizermos, como Isabel Meyrelles, que tudo o que queremos de facto é ser livres”, disse a codiretora artística Helena Mendes Pereira. E acrescentou: “Esta Bienal foi sempre dos artistas e para os artistas, e sem eles não faríamos nada”. 

"Uma marca de liberdade criativa"

A orientação programática desta edição inspira-se no seu “modelo” original, com projetos curatoriais, o projeto “Livre Trânsito”, residências artísticas em todas as freguesias do concelho, um ciclo de conferências internacionais sobre o tema da liberdade, ateliers livres e visitas orientadas.

A arte está espalhada pela casa-mãe, o Fórum Cultural de Cerveira, pela Galeria Bienal de Cerveira, Convento San Payo, Biblioteca Municipal e Cooperativa Agrícola. 

“Não inauguramos mais uma edição da Bienal, mas sim ‘a edição’ porque, a cada uma delas, a marca da liberdade criativa é maior e com essa marca conseguimos continuar a apoiar a descentralização da cultura, dando um passo em frente, como uma cada vez maior democracia cultural”, disse, por seu lado, o presidente da Câmara de Vila Nova de Cerveira, Rui Teixeira, também presente na inauguração. Fonte:  JN 

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