Na semana entre 27 de Maio a 2 de Junho, verificaram-se 1143 infeções, com 25 de maio a ser o dia com maior número de casos, 225. Nos dias seguintes a ‘barreira’ dos 200 casos foi consecutivamente ultrapassada: primeiro 298 casos confirmados e depois 270. De assinalar que os número já não são representativos dos casos reais, uma vez que se deixaram de fazer testes à Covid-19 de forma massiva.
O que
explica este aumento? Tivemos concertos como os de Taylor Swift, festejos do
título do Sporting…
Gustavo Tato Borges: De
facto houve várias coisas que aconteceram ao mesmo tempo. Em primeiro lugar o
aparecimento de uma nova variante a JN1.1 (BA.2.86) , que já está em circulação
em Portugal e é a dominante, e que de facto faz com que, como sempre, quando
aparece uma nova variante, circula de forma mais facilitada entre nós, uma vez
que o nosso corpo não esta totalmente capaz de a reconhecer.
Também houve
vários eventos: concertos, festejos de futebol, jogos, e outros com grande
participação de pessoas e que fizeram com que muita gente estivesse junta
no mesmo espaço. Havendo alguém infetado, é normal que se tenha transmitido – e
nós vimos isto em vários momentos da pandemia, em alturas, momentos e contextos
similares.
Tendo em
conta que a nossa vacinação para a Covid-19 para este inverno foi dirigida
apenas às pessoas com maiores comorbilidade, e o resto da população só teve uma
abertura por parte da DGS no final , sendo que foi uma vacinação marginal,
verifica-se que a proteção mais intensa para estes vírus da Covid-19 vai-se
perdendo.
É importante
perceber que este aumento de novos casos não se traduziu num aumento de
gravidade da doença, ou seja, não temos internamentos em excesso, não temos
óbitos em excesso para esta doença, o que faz com que esta variação verificada,
seja num quadro de infeções virais normais, que vão acontecendo ao longo do
ano. De facto mais frequentemente no inverno, mas a verdade é que a Covid-19 já
mostrou que mesmo no verão consegue circular com alguma facilidade, e nós
teremos que nos ir adaptando e gerindo, no nosso dia a dia
O aumento de casos verificado nos últimos dias é
preocupante?
Diria que
não, por não se ver aumento de gravidade, de eventos adversos finais, digamos
assim – é o vírus que está a circular entre nós, causando doença, é certo, mas
leve ou moderada, que não faz com que haja uma paragem da sociedade, ou
sobrecarga dos serviços ou mortalidade em excesso.
É algo para
mantermos debaixo de olho, para ver como vai evoluir a seguir. E, acima de
tudo, é algo para relembrar a sociedade e as pessoas que, sempre que tiverem
sintomas respiratórios, seja inverno ou verão, deverão minimizar o contacto com
outras pessoas e usar as regras de etiqueta respiratória, fazer uso de máscara,
de desinfeção das mãos, de maneira a evitar contacto próximo com pessoas
vulneráveis, e travando mais internamentos e óbitos.
Que regras devemos então continuar a seguir?
Fora da
época gripal é mais difícil de encaixarmos as regras, porque é normal no
outono-inverno termos alergias com maior intensidade, e outros vírus
respiratórios, corrimento nasal ou nariz entupido, e que resulta em
acabarmos a minimizar a situação, e a não nos protegermos ou a não proteger os
outros.
Temos mesmo
de introduzir o hábito de usar máscara sempre que tivermos qualquer sintoma
respiratório, a não ser que tenhamos feito testes de despiste microbiológico,
que confirmem que não estamos infetados com nada.
Neste período que agora se avizinha de Santos
Populares, festas de verão, festivais de música, é expectável que os casos
passem para milhares por dia?
Não podemos
dizer que nesta fase já não temos milhares de casos a acontecer todos os dias.
Porque temos! Estamos é a encontrar cerca de 200 casos, 100 e muitos casos
todos os dias, mas porque são pessoas que procuram cuidados de saúde por terem
sintomas que incomodam.
Para além
destes, teremos largas centenas, milhares até, muito mais pessoas, que não tem
sintomas tão fortes, e ignoram, ou até não têm sintomas e estão infetados.
No verão, com
os eventos todos, vamos voltar a ter grande circulação do vírus, mas como já
estamos numa fase endémica da doença, está instalado na população e vai
continuar a circular, adaptando-se de maneira a ser menos agressivo, causar
menos mortes. E nós também estamos protegidos com a vacinação, de forma global,
então estes números poderão muito bem acontecer. Mas não serão necessariamente
preocupantes se não tivermos um excesso de mortalidade e um excesso de
internamentos.
E é provável
que mantenhamos números relativamente altos, nesta casa das poucas centenas de
casos diagnosticados por dia, nos próximos tempos, porque as pessoas começam a
entrar em férias, há mais aglomerados populacionais, as pessoas ‘esqueceram-se’
ou não têm tão presente na memória a necessidade de usar proteção e evitar
estar em aglomerados se estiverem com sintomas, e querem aproveitar estes
eventos, que vão continuar a frequentar.
Por exemplo, nos Santos Populares, que conselhos
dá para celebrar em segurança?
Em principio
será muito difícil termos medidas que sejam 100% eficazes: nestes eventos há
consumo de alimentos, há baile e dança, proximidade entre as pessoas, muitas
vezes sem possibilidade de termos máscara e de nos proteger.
Por isso é
muito importante cada um olhar para si e saber se tem condições de poder
aproveitar determinado momento sem colocar outros em risco.
Se tenho sintomas respiratórios, por muito que seja de lamentar faltar a estas festas, por respeito a todas as pessoas que lá vão estar, não devo ir. Ou então devo ir com máscara e garantir que quando a tiro para comer, o faço num ambiente afastado dos outros e sempre ao ar livre para minimizar o risco. Depois, claro, desinfeção das mãos, uso de etiqueta respiratória, são sempre medidas importantes. Mas fundamental é ter esta noção de civismo de que, se estou doente, não devo ir, por muito que seja só um pingo no nariz ou situação de mal-estar. Será quase com certeza uma infeção respiratória, e se for ao aglomerado, irei transmitir. O principal cuidado é manter vida saudável, e quem é elegível devia vacinar-se, e é bom que o faça na próxima campanha se o não o fez,. Também devemos estar sempre atentos aos sintomas. Fonte: Sapo
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