O Conselho das Escolas entende que a solução para responder aos impactos negativos do uso dos telemóveis em contexto escolar não passa por proibir a sua utilização, mas defende que devem ser os próprios agrupamentos a decidir.
A posição do
órgão consultivo que representa os diretores escolares foi solicitada pelo
ministro da Educação em setembro e divulgada hoje numa recomendação aprovada
por unanimidade pelos membros do conselho.
No documento, o Conselho das Escolas reconhece que a utilização
dos telemóveis em contexto escolar pode implicar alguns riscos, relacionados
com a exclusão social ou excessiva dependência da tecnologia, mas afirma que “a
solução não passa por proibir o uso de telemóvel nas escolas”.
Em vez disso, entendem os conselheiros que a escola, refletindo
o comportamento social e familiar, não é responsável “por os alunos portugueses
passarem um elevado número de horas em frente a ecrãs”, mas deve assumir um
papel ativo de sensibilização.
“Com a crescente influência da tecnologia nas vidas dos alunos,
é importante que estes desenvolvam uma sólida compreensão sobre o uso seguro e
responsável da mesma”, refere o documento enviado à tutela.
Apesar dos impactos negativos e das “questões complexas de
disciplina, designadamente a captação indevida de imagens ou o cyberbullying”
que se levantam com o uso generalizado dos telemóveis, sobretudo a partir do
2.º ciclo, os diretores sublinham que existem, por outro lado, aspetos
positivos.
Em sala de aula, afirmam, os ‘smartphones’ podem constituir
“recursos ao dispor de alunos e professores para favorecer as aprendizagens” e
permitem “potenciar o desenvolvimento de competências essenciais de acordo com
o Perfil dos Alunos à Saída da Escolaridade Obrigatória”.
De acordo com o Conselho das Escolas, os docentes que incorporam
as várias potencialidades dos ‘smartphones’ nas aulas “identificam que os
alunos apresentam maior motivação, estão mais atentos, empenham-se mais e
envolvem-se bastante mais nas tarefas”, ainda que outros relatem o aumento da
distração e a possibilidade de utilização indevida, incluindo para cópia e
plágio.
Tendo isso em conta, referem que as escolas devem encontrar
formas de incorporar os telemóveis de forma construtiva, educando os alunos na
sua utilização responsável”.
“Também a formação contínua de professores não se poderá olvidar
desta questão, de modo a apetrechar os docentes de recursos para fazer com que
a utilização das tecnologias e, particularmente, do telemóvel, seja mesmo uma
mais-valia”, referem na recomendação.
Independentemente da sua posição, o Conselho das Escolas
recomenda, no entanto, que sejam as escolas, no âmbito da sua autonomia, a
decidir “pela imposição ou não de restrições à utilização do telemóvel no
espaço escolar”.
Por outro lado, entendem que o debate e reflexão que se gerou em torno do tema sejam aproveitados para favorecer a articulação entre a escola e a família na promoção do uso responsável dos telemóveis e recomendam “que se confie na capacidade e competência das comunidades educativas para adotar normas e práticas que garantam o bem-estar, os direitos humanos e a segurança das comunidades educativas”.
O parecer do Conselho das Escolas sobre o uso de telemóveis dentro dos estabelecimentos de ensino foi pedido pelo ministro João Costa por se tratar de um “tema complexo” e para não decidir de “forma intempestiva”, explicou na altura o governante, depois de algumas escolas terem proibido a utilização dentro do recinto. Fonte: Sapo
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