O Ricardo Araújo Pereira escreve para o Expresso e, desta vez, escreveu sobre a polémica dos cartazes e da luta dos professores, com a ironia que lhe é habitual. Sorria. Ou talvez não.
"No meu tempo era possível passar com negativa a desenho. Mas agora a classe inteira reprova porque um professor chumba a EVT.
Ora até que enfim. Gente que nunca tinha escrito uma linha sobre as reivindicações laborais dos professores decidiu finalmente dedicar-se ao tema. Atentas todas as circunstâncias, avaliada a questão da recuperação do tempo de serviço, ponderado o problema de quem é do Porto e ensina no Algarve, e considerado o tema das quotas para determinadas notas na avaliação de desempenho, concluiu-se: um dos professores desenhou um cartaz que é muito feio. Claro, o Estado congelou indevidamente a carreira dos professores, mas aquele desenho...
Sim, é absurdo, como o próprio primeiro-ministro já admitiu, que um professor seja colocado a centenas de quilómetros de casa, mas aquele desenho...
Pois, não faz sentido que um professor que merece determinada nota não possa tê-la porque a quota já está preenchida, mas vamos recentrar o debate no essencial: aquele desenho... O sistema de ensino está mais exigente do que antigamente. No meu tempo era possível passar com negativa a desenho. Mas agora a classe inteira reprova porque um professor chumba a EVT. Suponho que seja uma vingança justa. Ainda me lembro de a turma toda ficar de castigo porque o Mendonça pôs um gafanhoto na secretária do professor de Geografia. Acaba por ser merecido que agora os professores todos sofram porque um fez um desenho de mau gosto." Fonte: Expresso
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