sexta-feira, 16 de junho de 2023

o que encontram os refugiados quando chegam a Portugal: o mar, a paz e muita burocracia

Com o aumento dos conflitos e desacertos do mundo, a crise humanitária dos refugiados também aumenta. Portugal orgulha-se de ser um país de bom acolhimento, mas nem tudo corre bem. E nós, enquanto sociedade, fazemos a nossa parte?

foto de RTPEnsina

Uma tarde seria muito insuficiente para debater o tema, mas a missão de plantar a discussão e dar informação a quem assistiu ao evento Placed, organizado pela associação Reboot, ficou cumprida. “ O que nós sentimos coletivamente é que há muita gente que não faz melhor porque não sabe como, ou não sabe que deve. E então o nosso foco é sempre a informação”, explica ao SAPO, Maria Hipólito, líder de projeto da associação.

A entrada no mercado de trabalho de refugiados e migrantes foi o tema mais abordado por ser uma das grandes dificuldades de integração desta comunidade. A barreira linguista, a demora no processo de documentação e a burocracia na validação de competências são alguns dos fatores que contribuem para a dificuldade de obter um trabalho. “Em matéria de emprego, temos de ver o que priorizamos, não basta a simpatia e boa-vontade”, lembrou Ana Rita Marques, psicóloga clínica e coordenadora do centro de emprego de Loures e Odivelas, presente no painel de especialistas.


“Claro que isto é um problema acima de tudo sistémico e aquilo que é sistémico é sempre um desafio muito maior. Sabemos que não é um evento destes que vai ser uma solução sistémica”, desabafa Maria Hipólito da organização, “mas se o nosso público-alvo começar a falar mais destes temas e a tentar verbalizar que quer que isto seja um tema tratado com mais humanidade, se calhar já chegamos a algum lado. Com toda a gente a remar para o mesmo lado, a pensar ' sim, vamos integrar e vamos integrar bem', chegamos mais longe”, explica.


A questão da discriminação também foi levantada por Francisca Gorjão Henriques, da associação Pão a Pão. “Sejamos sinceros, os portugueses são simpáticos e amáveis, mas depende de quem têm à frente. Se calhar uma mulher que use um véu e que venha de um país africano, não vai encontrar a mesma simpatia que alguém vindo da Europa.” A Reboot pretendeu assim também afastar o discurso racista e xenófobo que, por vezes, acompanha estes temas. “Temos de começar a desconstruir as ideias feitas de que os refugiados ou migrantes nos vêm roubar trabalho. São discursos muito pequeninos. Há que compreender que efetivamente não nos estão a roubar trabalho, estão a gerar também riqueza”, remata a líder de projeto da associação. Além de voluntária na Reboot, Maria é também professora de Serviço de Restauração e Bebidas, na Escola de Hotelaria e Turismo de Lisboa e, por isso, também contacta com muitos migrantes que têm ali formação. Fonte: Sapo

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