Aqui se publica uma apreciação crítica ao livro Fahrenheit 451, da autoria de Maria Pereira, do 10.ºB.
As minhas expectativas iniciais para este livro eram altas, mas ainda assim fui surpreendida, uma vez que todos os livros de distopia que li até agora implicavam derrubar um governo ou alguém, no entanto, neste está presente a “simples” ideia de derrubar a ignorância cultural adquirida por uma população que parece oprimir-se a si própria e, como está tão cega com as vantagens que a tecnologia lhe trouxe, ignora tudo o resto, até a guerra que está por vir no país.
Uma das coisas que mais me agradou está relacionada com as tecnologias, pois, neste livro, Bradbury parece prever o efeito que elas teriam em nós, ainda que vivesse numa época onde quase ninguém tinha televisão. Por exemplo, neste mundo distópico, a maior parte das pessoas, incluindo Mildred, a mulher de Montag, não trabalha, apenas fica o dia inteiro na sala de ecrãs a ver as suas novelas e a sua “família”, que é como chama às personagens e até existe um excerto no qual Montag pergunta a Mildred como está o seu tio Louis e a tia Maude, demonstrando que levavam mesmo a sério as suas “famílias”. Esta passagem poderá lembrar também alguns aspetos do nosso próprio mundo em que existem programas televisivos que mostram as vidas de certas pessoas, deixando os telespectadores tão imersos nas vidas dos outros que passam horas e horas a ver aquilo.
Porém, o que mais gostei em Fahrenheit 451 foi um dos acontecimentos do final em que Montag conhece um grupo de pessoas que são como livros, pois estas, como não podiam possuir livros, decidiram que cada uma iria decorar um livro, de forma a que depois pudessem partilhar entre eles ideias e excertos, mesmo sem ter as palavras à frente. Esta ideia está diretamente relacionada com o autor que, quando era mais novo, por volta dos dez anos, gostava de decorar livros.
No entanto, não gostei de como quase todas as personagens tinham medo de agir e de como, a meu ver, o final ficou demasiado em aberto, parecendo que lhe faltava algum indício para depois conseguirmos imaginar o que seria feito da sociedade daquele mundo.
Com isto tudo, acredito que devo falar da minha personagem favorita que foi o comandante de Montag, o comandante Beatty, alguém que me confundiu muito, pois numas partes do livro, parece ser de facto mais uma pessoa naquele mar de ignorantes que considera os livros horríveis, fúteis e desinteressantes, mas noutras partes, pela minha perspectiva, parece ser completamente o contrário, pois, para falar com Montag, utiliza as inúmeras referências literárias que só se podem saber se de facto forem lidas e, mais ainda, parece querer provocá-lo de forma a que ele perceba pelas suas entrelinhas que Montag tem de fazer alguma coisa para salvar a sociedade.
Uma das minhas frases preferidas desta obra foi proferida por essa mesma personagem, mais especificamente na parte em que ele vai falar com Montag quando este está doente: “Aí começarão a sentir que pensam, sem na realidade se moverem”. Escolhi esta frase pois creio que retrata muito bem como aquela sociedade pensava que devia fazer as pessoas sentirem-se, ou seja, iludindo-as e fazendo com que estas pensassem que estavam a viver quando, na realidade, estavam apenas a existir.
Para terminar, considero este livro muito interessante e recomendo-o para impedir que a nossa sociedade chegue ao ponto a que aquela chegou, ao mesmo tempo que nos permite compreender a importância, não dos livros em si, apesar de também o fazer, mas das várias culturas que devemos conhecer nas nossas vidas.
Maria Pereira, 10º B
cortesia de envio de Luísa Ferreira, docente de Português
Parabéns Maria Pereira
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