Numa altura em que os casos da ‘tripandemia’ de vírus como a gripe, o vírus sincicial respiratório e a Covid-19 estão em descida, depois de um pico no inverno, há outro vírus que está a registar aumento de casos nos EUA, Canadá e na Europa.
“Agora estamos a ter outros vírus de inverno, como o nororvírus, um vírus intestinal, a disseminarem-se”, aponta William Schaffner, médico e especialistas em doenças infeciosas do Centro Médico da Universidade de Vanderbilt, nos EUA, em entrevista à Fortune.
A época do norovírus, que recentemente registou quase 500 casos em dois cruzeiros norte-americanos, está a ser particularmente forte em termos de infeções, apontam os especialistas ouvidos.
O que é e como se transmite?
Muitas vezes confundido com problemas de estômago, este vírus “dissemina-se com grande facilidade”, especialmente entre pessoas que partilhem o mesmo espaço fechado.
A doença passa de pessoa para pessoa por transmissão “fecal-oral”, através de comida ou água contaminadas, mas também através do toque em superfícies contaminadas e depois na boca.
Basta uma pequena quantidade do vírus para causar a doença, que pode ser transmitida também por má higiene das mãos após usar a casa de banho ou mudar a fralda a um bebé. Também é possível ser transmitida através de aerossóis expelidos por uma pessoa que esteja infetada e tenha vómitos.
Quais os sintomas?
Segundo o ECDC, os sintomas mais comuns incluem diarreia, vómitos, náuseas, dores de estômago, febre, dores de cabeça e no corpo.
Os sintomas normalmente ocorrem entre 12 a 48 horas da exposição, e duram entre um a três dias. Porque o norovírus causa diarreia e vómitos repetidos “o maio risco é a desidratação”, aponta Georges Benjamin, diretor da Associação de Saúde Pública Americana.
Porque está a circular mais agora?
O norovírus é um vírus comum do inverno, sendo que é conhecida a sua circulação também em eventos e concentração de grande número de pessoas noutras alturas do ano, como em casamentos ou em cruzeiros.
Os especialistas ouvidos apontam que a circulação começou um pouco mais cedo este ano, à semelhança dos vírus de inverno com a gripe ou o VSR, e tem estado a aumentar devido à mesma razão do que as outras infeções: após os períodos de confinamento e levantamento das restrições impostas durante a pandemia da Covid-19, há maior contacto entre as pessoas e o organismo já não tem a imunidade tão atualizada às estirpes do norovírus em circulação.
“Estamos novamente a partilhar germes uns com os outros. E está a aproveitar a vantagem de estarmos novamente a juntarmo-nos pela primeira vez em três anos”, explica Schaffner.
Como se deve proteger?
O melhor conselho é lavar as mãos regularmente e frequentemente, e evitar contacto com quem esteja doente.
Alice Pong, diretora clínica de doenças infeciosas do Rady Children’s Hospita, aconselha os adultos a terem extremo cuidado a lavar as mãos antes de comerem, e garantirem que as crianças fazem o mesmo. Os desinfetantes à base de álcool não resultam com o norovírus, por isso a lavagem de mãos é mesmo a melhor prevenção de uma eventual infeção.
A lavagem de superfícies com desinfetantes de base não-alcoólica também é recomendada.
Caso esteja doente, deve ficar em casa e evitar circular na rua, bem como não deve preparar refeições para ninguém.
Não existe vacina aprovada contra o norovírus, ainda que os cientistas estejam a preparar fármacos nesse sentido. “Esta é uma doença que nos deixa miseráveis dois ou três dias, mas depois recuperamos. Este é um ano de norovírus particularmente vigoroso, e veremos quanto tempo vai durar e o quão severo será. Está poi aí em abundância”, avisa o Dr. Schaffner. @ Sapo
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