Tal como tem acontecido, hoje publicamos mais um dos onze textos do 10º A publicados no jornal PÚBLICO. Um por dia...
O sonho de acordar um
século antes
São nove da manhã e mais um dia começa. Outro dia a
lutar pela sobrevivência neste planeta destruído. Todos os dias, ouço relatos,
vejo fotografias de como era este mundo há um século e dá-me uma tristeza profunda,
quando tiro os olhos da imagem e olho para o que me rodeia. Vejo fumo, chamas e
uma multidão desesperada. Nenhum de nós se atreve a tirar as máscaras, que
somos obrigados a usar por causa da qualidade do ar, cada segundo sem ela, faz
com que a nossa morte se aproxime.
Vou para a escola numa tentativa de me refugiar. Lá
tudo é melhor. Mas é claro que nada, hoje em dia, é perfeito; na escola também
não podemos beber água da torneira, não podemos beber em lado nenhum, estamos
sujeitos a ser intoxicados. Então como não sobrevivemos sem água, esta foi
substituída por uma feita em laboratório. A aula começa e discutimos medidas
para melhorar a nossa qualidade de vida. Falamos do plástico que já não existe
nas nossas casas, todo o plástico do planeta está concentrado nos oceanos. Isto
faz com que também não possamos comer o pouco peixe que ainda há, por estar
todo ele contaminado.
desenho de Tatiana, aluna de 11º ano, Ermesinde |
Regresso a casa todos os dias igual, com lágrimas nos olhos, olho à minha volta e só vejo lixo, como se fosse um tapete que cobre o chão. A tristeza envolve o meu corpo, mas tenho sempre esperança de que tudo volte a ser como era antes. Quando, finalmente, chego a casa perguntam-me como correu o dia, ao que respondo sempre o mesmo “tudo igual, nada de novo”. A hora da refeição é a melhor altura do dia, é quando, finalmente, posso tirar a máscara e ficar um pouco mais relaxada.
A hora de dormir é quando, mais uma vez, idealizo como seria a minha vida se tivesse vivido há um século e espero acordar num mundo como aquele, na manhã seguinte. Um mundo onde exista o dobro da esperança e muita coisa que se possa fazer para que a Terra não fique assim como está hoje, em 2122.
Mariana Magalhães, 10º A
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