quinta-feira, 7 de abril de 2022

a única filha de José Saramago deixará de ser esquecida

Chama-se Violante e acaba de escrever um extraordinário livro sobre o seu pai.

Imagino o que lhe deve ter custado dar esse passo, mas ainda bem que o fez.

"De Memória nos Fazemos" é um livro que só ela poderia ter escrito - um livro que apenas uma filha pode escrever sobre o seu pai.


Sobre os livros.

Sobre os ensinamentos.

Sobre os silêncios.

Sobre os ralhetes.

Sobre as dúvidas e o questionamento.

Sobre a relação com a sua mãe, a pintora Ilda Reis com quem Saramago esteve casado quase trinta anos.

Neste espantoso livro senti-me próximo de uma ideia de verdade. E próximo de José Saramago, um homem que era simplesmente isso e não uma obra, uma estante ou uma biblioteca.

Quando lhe falam de José, seu pai, ela baixa a cabeça e responde ainda mais baixo. Fala do orgulho de ser filha do Prémio Nobel, do amor que sente por tudo o que ele lhe deixou, a ternura das memórias, o sofrimento pelos silêncios inevitáveis.

Violante Saramago é uma pessoa rara.

Escreve livros infantis e juvenis, inventou o Quinas e deu-lhe vida. Escreve para crianças e adolescentes sem os infantilizar, escreve como se tivessem a mesma idade, ela e eles. @ TSF

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