Tornarmo-nos mais inteligentes pode ser difícil, porque o conceito em si é complexo. Mas há algumas técnicas que permitem melhorar certas funções cerebrais e levar-nos a agir de forma mais “inteligente” no dia a dia.
Aumentar a inteligência, exercitando-a, tal como fazemos com os músculos no ginásio, não é impossível. Mas os especialistas alertam que é importante não esquecer que existem vários tipos de inteligência, da verbal à matemática, passando pela motora e emocional. “Há pessoas que dançam de uma forma extraordinária e são tijolos a matemática”, exemplifica o vice-presidente da Sociedade Portuguesa de Neurologia, Filipe Palavra, que considera muito redutor, por exemplo, medir a inteligência através de um valor único, como é o caso do QI.
Outros “até podem ter um grande raciocínio lógico, mas serem um desastre a gerir a vida emocional”, diz ainda o neuropsicólogo Vasco Catarino Soares.
Apesar de ser difícil indicar exercícios específicos, Rui Oliveira refere que, tal como no ginásio, o treino deve ser encarado numa perspetiva abrangente. “Se só fizermos abdominais, não vamos ficar com os braços tonificados, da mesma forma que, se só treinarmos um tipo de inteligência, não quer dizer que ficaremos mais inteligentes.”
Os especialistas indicam cinco técnicas que podem ajudar o cérebro a estimular os vários tipos de inteligência.
1. Ler um livro
Pode parecer um cliché, mas Rui Oliveira assegura que ler livros é um “treino mental brutal”. O investigador principal do Instituto Gulbenkian de Ciência defende que “a literatura é das melhores coisas que podemos consumir para o cérebro”, e que os nossos cérebros “adoram narrativas, ficção e simulações”, uma vez que “foram selecionados para gerar cenários e simular a realidade”.
Os livros irão então estimular a capacidade que a mente tem de supor as consequências de um determinado comportamento sem sermos obrigados a passar por ele. “Eu não tenho de me atirar de um precipício para saber que não é uma boa ideia. Posso simplesmente simular na minha cabeça o que aconteceria, lendo um livro sobre isso, o que é bestialmente adaptativo para sobrevivermos e tomarmos decisões acertadas.”
2. Jogar xadrez
3. Treinar, treinar, treinar
4. Estimular a componente lógica do raciocínio
Treinar o raciocínio lógico ajuda-nos a ponderar várias soluções para um problema. Vasco Catarino Soares sugere diversos exercícios para treinar esta capacidade cerebral, que vão ativar as “funções executivas da zona parafrontal do cérebro”. Podemos “completar sequências com letras, padrões, números ou símbolos” ou “realizar exercícios de analogia” (por exemplo: pintor está para pincel como escultor está para cinzel) que, além do raciocínio, ainda nos obrigam a usar a memória, estimulando-a. Este estímulo da memória é muito importante, porque esta encontra-se relacionada com uma série de mecanismos de defesa que determinam se, perante uma ameaça, devemos fugir ou lutar.
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