Lembram-se da expressão que
permite calcular o perímetro de uma circunferência? (P=2πR)
E a da área de um círculo? (A=πR2)
Só falta lembrar a do volume de
uma esfera. (V=(4/3)πR3)
Em todas estas expressões
encontramos o pi, π,
esse número irracional que descreve racionalmente a geometria do Universo.
A sirene dos bombeiros espalha
pelo ar o seu som estridente em superfícies esféricas, no ar, de raio crescente
e de área igual a 4πR2. Por isso, como a superfície de propagação do
som é crescente e igual a 4πR2, a intensidade do som, a
energia sonora por unidade de área, diminui segundo o fator 1/4πR2,
se não houver nenhum obstáculo. Não é que seja necessário um bombeiro saber
isto, mas é um fator definitivamente pertinente para compreender a que
distância é que as estrelas estão de nós.
Mais uma curiosidade: Lembram-se
da lei da atração universal de Newton? E da lei de Coulomb? Lá está o mesmo fator,
1/4πR2,
e pelas mesmas razões.
O mesmo se passa com o brilho das
estrelas.
O Sol, a nossa estrela que
confortavelmente nos ilumina, tem um brilho tão forte que não nos permite que
olhemos diretamente para ele. No entanto, em imagens enviadas pela sonda New Horizons, quando passou perto de
Plutão, o nosso brilhante Sol era uma estrela cujo pálido brilho era semelhante
a muitas outras que observamos da Terra. Poderemos calcular o brilho do Sol,
quando visto a uma distância igual a que Plutão se situa, por uma expressão que depende, também, do fator, 1/4πR2,
porque conhecemos o seu brilho próprio.
É que o brilho aparente das
estrelas depende tanto delas próprias como da distância a que nós a
vemos. Portanto, se conhecermos o seu brilho próprio podemos calcular a
distância a que estamos dela.
Mas, como podemos calcular o
brilho próprio das estrelas? Se resolvermos este problema podemos conhecer essa
distância.
Esta questão foi resolvida para
um tipo de estrelas variáveis, as Cepheidas,
por Henrietta Leavitt em 1912.
As estrelas variáveis têm uma
característica extraordinária: o seu brilho
varia periodicamente. Uma delas, conhecida desde a Antiguidade, é Mira,
que significa maravilhosa. Esta estrela desaparecia do céu para voltar a
aparecer muitos dias (ou noites) depois para retomar o fulgor do seu brilho.
As Cepheidas mostram uma relação precisa entre o brilho médio próprio
e o seu período de variação. Como ficamos a conhecer o brilho próprio, podemos,
então, calcular a distância a que está a galáxia que as abriga.
Mas, mesmo este método, característico
das estrelas de grande luminosidade, como são as Cepheidas, tem os seus limites: este depende da possibilidade de as
conseguir distinguir com os telescópios mais potentes, e esse limite é apenas de
cerca de 80 milhões de anos-luz. Apesar de ser uma ninharia à escala do
Universo, trata-se de um limite bastante mais alargado do que o método da
paralaxe permite.
Mesmo com as limitações de
alcance, este método permitiu efetuar algumas descobertas notáveis - uma delas
foi a da expansão do Universo.
Na verdade, existem outros
métodos de medição de distâncias longas, mas esses já vão ter que ficar para uma próxima missão espacial …
cortesia de Sérgio Viana
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