sexta-feira, 26 de outubro de 2018

histórias de escola (2)

A nossa equipa está no terreno e anda a inquirir elementos da nossa escola sobre "histórias de escola". As questões são sempre as que podem ler abaixo. Desta vez respondeu a professora Celeste Carvalho, docente de Educação Especial.


1. Que professor mais o marcou e porquê?
2. Qual era a sua disciplina favorita?
3. Que episódio mais o marcou?
4. Alguma vez sonhou ser...?







1. No percurso escolar, sem dúvida, a professora que tive no 2º ano. Era uma professora muito
autoritária e, sem querer criar suscetibilidades nos professores, era um pouco mazinha, mas temos que ter em conta que isto aconteceu há 48 anos. Era muito rígida, muito exigente, principalmente a nível comportamental e os alunos eram quase “peças” da sala de aula. Eu passei por momentos difíceis, pois tive dificuldades de adaptação e até vomitava antes de ir para a escola. Foi muito complicado e, por isso, nunca a irei esquecer, por ter um perfil que nunca seguirei enquanto profissional de Educação.

   
    2. Matemática não era de certeza. Devo confessar que foi uma área muito difícil, quer no primeiro ciclo quer nos anos seguintes. Lembro-me de tirar uns insuficientes quando andava no colégio, no 1º ciclo, e o meu pai disse-me "A partir de hoje, se me tiras mais insuficientes vamos zangar-nos". A partir daquele momento, acho que o meu investimento na Matemática foi maior e eu nunca mais tirei negativa, mas detestava a disciplina e ainda agora não consigo ter o raciocínio necessário. Sou péssima. No percurso escolar, tive Matemática até ao 9º ano e depois fui para Humanidades e, portanto, libertei-me da Matemática. Gostei muito mais de Psicologia e de Filosofia.

   3. Aconteceu há 32 anos. Eu tirei o curso de educadora, porque gostava imenso, desde cedo, de conviver com as crianças do pré-escolar. Depois de terminar o curso, fui convidada a ficar na escola onde fiz a minha formação. Após alguns anos de trabalho, recebi o convite para trabalhar numa associação de apoio à deficiência. Quando me fizeram essa proposta disse que não sabia se estava preparada para tal, pois não iria exercer o cargo de educadora de infância, mas iria trabalhar numa área diferente. Este convite foi então um episódio que me marcou para toda a vida, pois a partir do momento que ingressei na área da deficiência, nunca mais a larguei. Abdiquei da minha área de sonho e investi nesta área, acabando por tirar a licenciatura, a especialização e o mestrado. Foi um marco na minha vida profissional que originou grandes mudanças e isso fez toda a diferença. Agora, após 32 anos, considero que foi a melhor decisão que tomei.

   4. Gostaria de ser detentora de algum poder para mudar muitas práticas e muitos sistemas políticos para conseguirmos dar um tipo de resposta mais adequada aos nossos jovens com deficiência, quer na escola que no mundo de trabalho. Gostaria de ter a varinha de condão para mudar algumas coisas que necessitam de ser mudadas e que os políticos e, às vezes, as pessoas e o sistema não permitem.

                                                                                                                      Ana Rodrigues e Joana Ribeiro 

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