sexta-feira, 27 de janeiro de 2012

VER, LER e OUVIR: o homem do leme

E mais um fim de semana se aproxima. Desta feita, propomos um só tema, em três perspetivas:

VER
Uma ida à Foz, mesmo que chova, para ver o mar e admirar o HOMEM do LEME

LER
"O Mostrengo", de Pessoa, que não consegue atemorizar o destemido "homem do leme"

O mostrengo que está no fim do mar
Na noite de breu ergueu-se a voar;
A roda da nau voou três vezes,
Voou três vezes a chiar,
E disse: «Quem é que ousou entrar
Nas minhas cavernas que não desvendo,
Meus tectos negros do fim do mundo?»
E o homem do leme disse, tremendo:
«El-Rei D. João Segundo!»

«De quem são as velas onde me roço?
De quem as quilhas que vejo e ouço?»
Disse o mostrengo, e rodou três vezes,
Três vezes rodou imundo e grosso.
«Quem vem poder o que só eu posso,
Que moro onde nunca ninguém me visse
E escorro os medos do mar sem fundo?»
E o homem do leme tremeu, e disse:
«El-Rei D. João Segundo!»



Três vezes do leme as mãos ergueu,
Três vezes ao leme as reprendeu,

E disse no fim de tremer três vezes:
«Aqui ao leme sou mais do que eu:
Sou um povo que quer o mar que é teu;
E mais que o mostrengo, que me a alma teme
E roda nas trevas do fim do mundo,
Manda a vontade, que me ata ao leme,
De El-Rei D. João Segundo!»

OUVIR 
a interpretação dos Xutos, com a participação de Camané, do seu "Homem do leme"

1 comentário:

  1. É verdade. Fantásticas estrofes!

    E fantástica Foz com fantástico mar e praia e fantásticos Xutos que permitem a outras fantásticas vozes cantarem o já mítico "homem do leme"!

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