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segunda-feira, 13 de junho de 2016

128 anos depois

Se fosse vivo, teria 128 anos.
Pessoa não foi só o poeta da frustração, da nostalgia, da fragmentação e da inquietação. A sua poesia também tem um cariz popular muito especial.
Hoje, dia 13 de junho, aqui fica um excerto de um poema em homenagem ao Santo que também hoje se comemora.
Apreciem.





Nasci exactamente no teu dia —
Treze de Junho, quente de alegria,
Citadino, bucólico e humano,
Onde até esses cravos de papel
Que têm uma bandeira em pé quebrado
Sabem rir...
Santo dia profano
Cuja luz sabe a mel
Sobre o chão de bom vinho derramado!
Santo António, és portanto
O meu santo,
Se bem que nunca me pegasses
Teu franciscano sentir,
Católico, apostólico e romano.
(...)
Sê sempre assim, nosso pagão encanto,
Sê sempre assim!
Deixa lá Roma entregue à intriga e ao latim,
Esquece a doutrina e os sermões.
De mal, nem tu nem nós merecíamos tanto.
Foste Fernando de Bulhões,
Foste Frei António —
Isso sim.
Porque demónio
É que foram pregar contigo em santo?

Fernando Pessoa

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