Número total de visualizações de páginas

terça-feira, 23 de fevereiro de 2016

direito ao contraditório: eutanásia - sim ou não?

O "direito ao contraditório" pretende e ambiciona fazer chegar aos leitores opiniões passíveis de serem contestadas, num salutar e democrático convívio de ideias. A responsabilidade dos textos é dos seus autores.  


Num momento em que a palavra “eutanásia” entra no vocabulário da sociedade portuguesa, importa saber o que significa verdadeiramente este tema tabu.
A eutanásia é definida, pelo Manifesto assinado por diversas personalidades de diferentes quadrantes da sociedade como sendo o “ato de, em resposta a um pedido do próprio - informado, consciente e reiterado — antecipar ou abreviar a morte de doentes em grande sofrimento e sem esperança de cura.”. São apenas dois os países que consideram o suicídio medicamente assistido legal: a Bélgica e a Holanda. Podem ser poucos os países que legalizaram este processo médico, porém, demonstram-se na vanguarda da libertação da identidade pessoal e da liberdade de escolha. Não faz sentido que num estado laico se continue a basear a legislação nacional em fundamentos confessionais.
A constituição nacional, nos Art. 1º e Art. 24º nº1, afirma a vida como sendo um “direito inviolável, mas não um dever irrenunciável”. Não pode continuar a legislação a retirar a dignidade da vida das pessoas. Não podemos continuar a impedir um fim de vida digno àqueles que sofrem todos os dias. A eutanásia não será um meio disponibilizado a todos, nem faz sentido que o seja, mas sim uma janela de dignidade disponibilizada àqueles que se encontram em perpétuo sofrimento e sem esperança de cura.

Nunca será possível chegar a um consenso sobre este tema, mas é de salientar que a discussão apenas surge pelo facto de vivermos num regime democrático, onde o confronto de ideias é necessário, contribuindo para o desenvolvimento humano.
António Pedro Santos

3 comentários:

Maria do Rosário disse...

Depois de tantos anos a trabalhar nesta escola e após ler tantos artigos deste magnífico jornal, que aprecio muito e espero que continue a fazer excelentes rubricas, deparo-me com uma publicação sobre um tema que permite uma ampla diversidade de ideias e opiniões que poderiam ser discutidas e defendidas com dignidade e respeito e, infelizmente, não foi o que se passou neste caso. Por detrás das palavras deste jovem, que provavelmente teve a sorte de nunca sofrer na vida, consegue-se sentir um egoísmo e uma frieza rara que só pode provir de uma pessoa com uma alta indiferença em relação aos sentimentos pelos que nos rodeiam. Fico desiludida ao perceber que ainda existem pessoas deste calibre. Ao contrário do que fez este escritorzinho, respeito a sua opinião e colocando a minha de parte, ponho-me no lugar dos outros e tento entender, independentemente da situação em que se encontram, o seu grau de desespero. A vida é de cada um e somos livres de decidir o que fazer com ela. Lamento que a escrita deste jovem não transmita, talvez, a sua verdadeira intenção que deveria ser imparcial às suas convicções, pois isto é um jornal público e não o jornal "Ideias do António Pedro Santos". Angustiada e um pouco, até, deprimida com este aparato, subscrevo-me com elevada consideração.

Maria João disse...

Sem querer ofender mas não terá exagerado no comentário? O texto até pareceu-me a favor da eutanásia e não contra

SIM disse...

(Bom texto, parabéns)

Definhemos problemas ético-sociais que envolvem uma matéria específica, a MORTE, e uma única entidade, o SER HUMANO. Levantemos, também, a questão: enquanto seres democraticamente assumidos, isto é, defensores e crentes de uma organização política que se levanta a favor da Liberdade e Igualdade, não será democraticamente "incorreto" tentar definir planos para o nascimento, vida e morte de indivíduos, não tendo em consideração direitos que nos permitem quer viver quer morrer, MAS crenças pessoais (não necessariamente religiosas)? A polémica em torno da eutanásia encobre lacunas brutais, construídas sobre um esteio de egoísmo e medo, levando-nos, igualmente, a numerosos estigmas em relações a temas vários, como o aborto e o suicídio (enquanto problema, aparentemente, legal e não mental).
Por fim, pensemos na efemeridade da vida e no sofrimento de viver uma qualquer condição privada de esperança, de felicidade e até do próprio sentido de vida. Morrer dignamente é um direito e, mesmo que assim não fosse, nada nos levaria para longe do inevitável.

Só para acrescentar, nós vamos todos falecer: https://www.youtube.com/watch?v=4b95MCszOxY